Capítulo 12

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Ainda naquela maldita noite, uma dor de cabeça muito forte me atormentava. Ainda estávamos ali, perplexos, assistindo às dezesseis bruxas caídas no chão — e eu era a culpada daquilo. Eu tinha matado não apenas uma, mas dezesseis bruxas.

— Estão mortas, não estão? — eu perguntei, sem ter certeza de nada.

— Sim — ele respondeu, sem desviar os olhos delas.

  Eu comecei a chorar e Dylan me abraçou forte, fazendo com que eu me sentisse um pouco segura, mas ainda assim eu não estava nada bem, nem sei se um dia voltaria a estar.

— Vai ficar tudo bem — ele falou, beijando meus cabelos.

  Como ele podia ter tanta certeza disso? Não sabíamos nem se a maldição tinha sido realmente quebrada. Será que podíamos ficar juntos agora ou aquele inferno todo tinha sido à toa?

  Depois de algum tempo envolta nos braços de Dylan, olhei-o nos olhos e estávamos tão perto... Fazia tanto tempo que não via aqueles olhos castanhos tão de perto.

— Dylan — sussurrei. —, como sabemos se a maldição foi quebrada?

  Ele se afastou de mim e abriu os braços, com a cabeça para cima. Parecia estar recebendo alguma coisa, um convite à uma luz, e então suas asas apareceram — trazendo junto a ele aquela aura iluminada de sempre. Nunca deixaria de ser uma cena, definitivamente, encantadora. Eu não era um exemplo de pessoa religiosa, mas assistir àquilo era uma das coisas mais emocionantes que já tinha acontecido. 

  Ao invés da luz formar as asas de Dylan, as asas de Dylan que formaram a luz, envolvendo seu corpo ainda mais. Aos poucos, a tal luz foi saindo dele e indo aos céus — não demorando muito para desaparecer.

— O que foi isso? — perguntei, sentindo minhas pernas tremerem.

— A maldição foi quebrada — ele falou, fechando os olhos e deixando que um sorriso sincero se espalhasse pelo seu rosto.

— Como você sabe? — perguntei, estranhamente mais calma.

— Eu não sou mais um anjo — ele falou.

  O quê?! Eu tinha ouvido direito? Dylan acabara de dizer que não era mais um anjo?

  Sentei-me, sentindo-me fraca o suficiente para não conseguir ficar mais em pé. 

...

  Sem saber como tinha pegado no sono, acordei num lugar que eu não reconhecia. Tinha mais alguém comigo e não demorei muito tempo para reconhecer o cheiro de Dylan. Eu não precisava nem olhar para ter a certeza. Eu reconheceria aquele toque em qualquer lugar. Senti uma paz tranquilizadora espalhar-se pelo meu corpo.

— Você tá acordada? — sussurrou Dylan, tão baixinho que demorei um tempo para assimilar o que ele havia dito.

— Sim — respondi, recordando imediatamente o que tinha acontecido na noite anterior. Aquela sensação de paz se esvaiu tão depressa quanto veio. Eu estava incerta de quando Dylan disse que não era mais um anjo, se tinha sido real ou um sonho. — Você não dorme?

  Dylan riu.

— Até que parte foi um sonho? — perguntei, virando-me para fitá-lo.

  Estávamos tão perto um do outro, assim como daquela vez... Aquela vez que eu ainda não me lembrava. Droga.

  Dylan deu um sorriso sincero.

— Até a parte que eu disse que não era mais um anjo e que a maldição estava quebrada foi verdade — ele falou, sem saber se sorria ou ficava sério. — Já o resto, eu não sei.

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