Eu abri meus olhos e me vi caminhando dentro de um navio, usando um vestido azul, possivelmente dos anos 60, eu não era boa em reconhecer época de roupas. Dylan estava me ajudando a carregar algumas caixas.
— Não se preocupe — ele me falou. — Damas como a senhorita não devem carregar caixas pesadas como estas.
— Obrigada, cavalheiro — eu respondi, sorrindo gentilmente.
O que era aquilo? Eu tinha morrido? Ninguém parecia se importar — ou se quer me ver assistindo... à mim mesma?!
— Já estamos chegando! — anunciou o capitão do navio.
Eu estava observando uma versão esquisita de mim ao lado de uma versão não tão diferente de Dylan, e nós estávamos conversando sem parar. Eu parecia extremamente tagarela, o que era bem diferente de como eu realmente era.
Eu me aproximei para ouvir a conversa mais de perto, cuidadosamente à princípio, mas ninguém realmente parecia reparar na minha presença.
— Ah, graças aos deuses estamos chegando! Já estava começando a me sentir enjoada — comentei.
— Sim, mas se a senhorita não se importa — Dylan começou. — gostaria de levá-la para um lugar quando sairmos.
— Você é tão atencioso — eu retruquei, simplesmente. — Ficaria honrada em acompanhá-lo.
Dylan sorriu para mim.
O meu professor de geografia estava lá. O que diabos ele estava fazendo ali? Eu definitivamente não estava entendendo mais nada.
Eu me aproximei, tentando falar com qualquer pessoa do navio mas ninguém parecia me ouvir, então fiquei encostada numa das paredes, me vendo conversar e dar boas risadas com Dylan. Senti até um pouco de inveja por não ter a oportunidade de fazer tanto isso antes de eu... morrer, ou seja lá o que estivesse acontecendo.
Algum tempo depois, estávamos saindo do navio. Eu segui a minha versão esquisita que estava ao lado de Dylan, prestando bastante atenção em todos os detalhes, de tudo.
E então, um déjà vu fez com que eu ficasse momentaneamente tonta. Eu estava no mesmo lugar do meu sonho com a árvore mas, dessa vez, podia assistir a mim mesma e não sentia o vento frio. Não era como se estivesse vivendo aquele momento mas, desta vez, observando tudo.
Eu estava parada, observando a silhueta da árvore e, de repente, Dylan saiu de trás dela, aproximando-se um pouco e me chamando para que eu sentasse com ele. Sussurrei para mim mesma não ir, mesmo sabendo que isso não adiantaria de nada, não mudaria nada. A versão de mim se dirigiu até onde Dylan estava e sentou-se perto dele. Ele sussurrou alguma coisa e depois inclinou-se para beijá-la.
Senti-me completamente perdida ao assistir àquela cena, meu coração se apertou, porque dentro de mim eu sabia — sentia — o que aconteceria a seguir. Tudo ficara escuro, assim como no sonho — mas desta vez eu sabia o que tinha acontecido. Eu havia morrido por causa daquela maldição.
...
Acordei, novamente, em um lugar totalmente diferente. Eu estava num campo. Era o mesmo cenário de um dos sonhos que eu tive com Dylan outra vez.
Não demorou muito para que eu avistasse novamente outra versão de mim, que estava claramente mexida enquanto via Dylan voltado por uma luz sagrada. Estávamos deitados lado a lado, olhando para o céu.
Só então me dei conta do que realmente estava acontecendo: eu não estava morta; estava me lembrando de algumas coisas que aconteceram comigo e com Dylan nas minhas vidas passadas.
Olhei para o campo fixamente. Desta vez, ele estava com o cabelo do mesmo jeito que na fotografia que havia visto em sua casa. Eu mal podia esperar para acordar e contá-lo sobre o que tinha acontecido. Aquilo tinha que acontecer logo quando a maldição tinha sido quebrada? Por que não podia voltar e acessar minhas memórias quando eu estava tentando entender o fato de que Dylan era um anjo? Quando estava completamente desorientada sobre o que estava acontecendo e sobre o que eu deveria fazer. Mas... àquela altura, me questionar essas coisas era apenas perda de tempo. Voltei minha atenção para nós, de novo.
— Ali! — ele disse.
— Aquela nuvem parece um coelho, não acha? — meu eu atual completou junto com Dylan, falando baixinho, embora ninguém pudesse me ouvir. Eu lembrava exatamente desse sonho. Eu lembrava exatamente do momento em que ele dizia que o universo não estava ao nosso favor. Ele já sabia o que iria acontecer.
Fechei os olhos, desejando lembrar de outra cena, não daquela. Aquela eu já sabia, qual a necessidade de voltar exatamente ali? Gostaria de ver cenas de nossos momentos bons, dos momentos que me fizeram me apaixonar por Dylan todas as vezes.
Entretanto, surpreendi-me ao notar que o desenrolar da cena não seguiu como no meu sonho.
— Você sabe — ele estava falando. —, eu tenho medo de me aproximar de você porque eu ainda não entendo como funciona esse lance de eu ser um anjo. Eu já te perdi uma vez — ele pausou. —, não quero te perder de novo por uma estupidez.
— Tudo bem — meu eu antigo disse. — Você não vai me perder.
— Santa inocência! — protestei, irritada.
Conforme eu esperava: ninguém me ouviu. Agradeci mentalmente por isso.
— Talvez da outra vez tenha sido por um outro motivo — eu falei. — Não quer dizer que eu vou morrer agora. Eu estou me sentindo bem — apontei para mim mesma, ficando de pé. — Não acho que um beijo vai me matar.
Senti-me enjoada. Dylan resistiu por um tempo mas depois ficou de pé — o que fez com que meu queixo caísse. Eu não conseguia acreditar que ele tinha me perdido assim, tão fácil. Ele realmente não sabia de nada comparado com o que ele sabia nessa vida — e agradeci muito, muito mesmo, por isso.
Ele colocou os braços por volta da minha cintura e deixou que seus lábios tocassem os meus. Leve e suavemente. Ainda que fosse doloroso saber o que aconteceria, não consegui evitar de me sentir mexida e emocionada ao ver aquilo.
Ao mesmo tempo que eu queria fazer algo, qualquer coisa, para interromper o que estava prestes a acontecer, sentia-me paralisada com a cena e, logo, cheguei ao pensamento de que se o passado fosse alterado, poderia mudar o futuro e, embora todos os sacrifícios, eu estava feliz e com Dylan na minha vida atual.
Novamente, a escuridão me engoliu.
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Iminente
RomantikJennifer Collins é uma garota de dezessete anos que se apaixona perdidamente por Dylan Campbell. Sem saber de onde veio o sentimento tão forte e intrigada com o fato do garoto a ter feito se apaixonar tão rapidamente, Jennifer acidentalmente descobr...