Capítulo Vinte e Quatro

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 O homem gigantesco com máscara de pássaro estava sobre eles agora. Ele apontava uma espingarda para os jovens e ria com escárnio, vitorioso. Ele apertou o gatilho.

Nada aconteceu.

Estava sem balas.

Damian agarrou uma Lucia, estática, e a arrancou de cima de si. Se jogou para cima do homem mais uma vez, agarrando o cano com as duas mãos. Depois, o empurrou, acertando o estômago do homem, que urrou e soltou a arma. Por fim, deu uma coronhada forte na cabeça dele, que o fez cair, desmaiado.

Lucia mal teve tempo para assimilar a situação quando foi agarrada por Damian mais uma vez. Ele pegou ela pelos ombros e a escaneou rapidamente por feridas. Depois, olhou nos olhos dela e a chacoalhou, furioso.

Não teve tempo de brigar com ela, porém, porque outros Robins os detectaram. Lucia puxou Damian em direção a uma estante longa, e, no topo, uma janela estilhaçada.

O lugar onde ela mirou antes.

Rapidamente a dupla escalou a estante vacilante e se jogou na moldura da janela. Depois, Damian chutou o móvel, que caiu em cheio em alguns outros robins que vinham os perseguir. A dupla olhou para fora, para a enorme queda que teriam até o asfalto, e hesitaram.

— Isso é doidera, Damian, vamos quebrar o pescoço!

— Não, não vamos. Olha!

Ele aponta para a rua, e, ao longe, vinha um enorme e fétido caminhão de lixo. Os jovens se entreolham, dão as mãos e se preparam. Quando o caminhão passa por eles, eles saltam, caindo dentro da caçamba com entulho.

A queda doeu, claro, e muito, mas umas latinhas e comidas estragadas ainda eram melhores que o asfalto duro. Lucia só rezava para não ter sido perfurada com nada infectado. O cheiro era insuportável e Damian quase vomitou. Com agilidade, os dois se recomporam e escalaram para fora do lixo, que os havia soterrado. Eles saltaram do veículo um quarteirão depois, e se esgueiraram pela rua até um carro preto luxuoso.

Damian rapidamente abriu a porta de trás e empurrou Lucia para dentro, entrando e fechando a porta.

— Albert. Para casa, por favor.

— Jovem Wayne... — Um homem idoso, branco de cabelos ralos e uniforme formal, falou do banco do motorista. — O senhor está....

— Nem fale nada. Apenas vamos, e rápido.

O idoso se calou imediatamente e arrancou com o carro.

Os jovens estavam esbaforidos, doloridos e exaustos, mas estavam vivos. Lucia tentou ajeitar a postura, tentando ocupar o mínimo de espaço possível para não sujar o carro imaculado. Damian estava largado em seu banco, com os braços e pernas abertos. A cabeça pendurada, em um ângulo estranho, observando a garota.

— Você é... muito muito idiota, sabia disso? — Ele fala, mas não há maldade em sua voz.

— Eu estou cansada demais para discordar. — Ela responde honestamente.

Eles se fitaram por um longo momento, em silêncio. Depois, Damian suspira.

— Alfred, por favor, depois me lembre de fazer uma grande doação anônima em prol da reconstrução da biblioteca municipal. 

A Filha Do CoringaOnde histórias criam vida. Descubra agora