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Soraya
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E novamente eu estava nesse lugar, um lugar silencioso, com apenas alguns barulhos dos pássaros, fui caminhando, de cabeça baixa, segurando firme nas mãos as flores que havia comprado no caminho para cá, logo me via diante do túmulo da minha mãezinha.

_Oi mãezinha, olha, trouxe pra você_ passei a mão ali, afastando novas folhas que tinham caído em cima, e coloquei as flores.

Olhei para os lados, pedi licença, e sentei, para ficar conversando um pouco com ela, embora eu quisesse estar conversando com ela no sofá de casa.

_Mãe... sua filha vai casar, e sabe o Henry? ele irá levar as alianças_ consegui dar um sorriso ao falar isso.

Meu casamento está próximo, me sinto feliz, estarei casando com a mulher da minha vida, e mãe do meu filho.

_Fizemos uma festinha para o Henry, mamãe, ele fez seu primeiro aninho_ contei.

Fui contando todos os detalhes desse dia, da festinha dele, contei que ele se parece com a sisa, e é muito esperto, brinca muito com a Lily, expliquei quem era a Lily.

_Sabia que me peguei imaginando se a senhora estivesse aqui? Eu ia amar muito tendo a senhora ao meu lado, me ajudando a escolher o meu vestido de noiva_

_Tia Gleisi que me ajudou, escolhi um bem simples_ comentei de cada detalhe do vestido.

Falei também que é o tio Lind que vai entrar comigo, agradeci muito, mas lá no fundo, eu queria que fosse o meu pai, entrando na igreja comigo.

_Sabia que eu estou arrumando o meu pequeno ateliê? é mamãe, a Simone comprou alguns tipos de pano, e fiz dois vestidos, tirei do papel e coloquei em prática_ falei.

Eu já estava bastante avançada no curso, Simone me ajudou a alugar um pequeno espaço que tem próximo de casa, estávamos organizando ainda, ontem a gente pintou por dentro, compramos algumas coisas, estou indo bem.

_Mãezinha, vou me casar com a pessoa mais incrível desse mundo, a senhora está vendo o quanto estou feliz, ?_ fiz um carinho em sua foto.

_Eu não lhe contei, mas eu aprendi a andar de moto, era uma vontade que eu tinha, aprendi antes mesmo de começar a namorar com a sisa_ lembrei desse dia.

O vento que deu no momento, bagunçou todo o meu cabelo, decidi amarrar, tirei a jaqueta do meu corpo, estava calor, fechei os olhos, senti que estava sendo observada, ouvi passos pisarem em folhas secas, e se aproximarem.

Meu coração só faltou sair pela boca, quando uma mão tocou em meu ombro, era forte, grossa, e conhecida por mim, não quis olhar, mas sabia que era ele ali, o meu pai estava ali.

_Pai..._ falei baixinho.

_Filha..._ pronunciou baixo também.

Olhei então para trás, ele estava bem ali, parado, em pé, com a mão ainda em meu ombro, usava seu boné já surrado, mas que era o seu preferido, só não sabia o por quê, ele nunca me disse.

Era cinza, a cor, tinha uma fatia de bolo como desenho, e uma rodela de limão, achei fofinho, usava aquela calça jeans, suja pela graxa que nunca largou, quando eu lavava, tinha uma camiseta branca e uma flanela pendurada ali na calça.

A motoqueira da minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora