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Melina Bennet

Acordei pela manhã bem cedo e bastante disposta. Começo meu primeiro dia na faculdade e para ser bem sincera me sinto como a época do colegial, só que mais madura, claro!

Ao sair do meu quarto já arrumada, vestindo uma calça jeans de lavagem clara e uma blusa social de botões branca, uso também um all star branco que é o meu preferido. Caminho pelo corredor em direção a cozinha e percebo que Kris ainda está dormindo.

Atrasada como sempre.

Kris e eu moramos juntas a cerca de seis meses. Nos conhecemos no nosso trabalho, na cafeteria e desde então nunca mais nos desgrudamos. Além de me identificar muito com ela, Kristen se mostrou muito amiga desde que começamos a sair juntas e nos conhecer, ela já faz faculdade de enfermagem a dois meses, só não comecei junto com ela porque preferi me reorganizar financeiramente porém da mesma forma não iremos ingressar no mesmo curso.

Sou apaixonada em cozinhar, me lembra muito a minha mãe, Katarina, ela fazia as melhores sopas do mundo e bolos também. Desde de que me entendo por gente, observá-la cozinhar era minha distração, minha paixão. Eu lhe admirava demais, com todo o meu coração, mas depois de tudo o que aconteceu o que me restou foi apenas a saudade e mágoas. Katarina Bennet sempre foi meu exemplo, meu orgulho e minha maior paixão e não mentirei dizendo que achava que eu também era a sua, até então; sua fuga com o namorado me provou totalmente o contrário como ela pode me deixar sozinha? Machucada. Sem ter para onde ir. Sem saber ao menos o que fazer..

Isso tudo me machuca até hoje, mesmo que lembranças suas sejam tão vagas, ainda me lembro do quanto éramos amigas, grudadas e felizes. Sinto tanta falta. O que não me deixa superar é o fato de simplesmente não ter tido explicações do porquê. Mil perguntas se passam pela minha cabeça; ele a ameaçava? ela não me amava como pensei? ele me ameaçou? isso tudo foi para me proteger?

Antes que pergunte, não, eu não consegui encontrá-la, foi como se tivesse sumido do mapa, os dois. Minha ida ao orfanato dificultou minha busca, sai aos 18 anos por ninguém ter me adotado; consegui dinheiro com a senhorinha que gostava muito de mim lá e que insistiu que eu não poderia sair sem nada. Vim parar aqui a um ano, bem distante para tentar recomeçar e acho que está dando certo. Cada dia que passa tento esquecer de tudo e tentar deixar o meu coração livre de mágoas e incertezas, mas falho sempre, porque no fundo dele tem uma esperança que tento ignorar mesmo que não seja tão saudável viver assim.

Saio do transe assim que Kris chama pelo meu nome.

— Ei! Meli? — desperto — Assim vai queimar os ovos!

Corro até o fogão onde estava meu omelete e desligo. E lá se vai metade do meu café da manhã, pelo menos ainda me restavam os bacons e pão.

— Estava com a cabeça aonde doida? Nervosa para seu primeiro dia de aula? — A morena me diz sorrindo

— Um pouco só! — Minto. Ela não gosta quando eu penso em coisas ruins, sabe que tudo ainda dói.

Ela da de ombros — Já te expliquei tudo não é? — Kris me contou a semana toda de exatamente tudo sobre a faculdade, de coisas que eu nem precisava saber.

— Claro Kris, você passou o nosso horário todinho de trabalho me contando, principalmente dos gatinhos que tem lá — Ela sorri

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