IMPRUDENTE

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Calebe Martine

Hoje é o primeiro dia do desafio que propus para Melina. Tenho dois longos meses pela frente e ainda não sei o que vou fazer nos próximos sessenta dias mas hoje já é um belo começo.

Não sei muitas coisas sobre Bennet, mas pelo o que tenho observado é que ama burrito, uma comida típica do México que ela leva todas as quintas-feiras para a faculdade e quase todos os dias para o trabalho. Para minha sorte hoje é quinta-feira e aposto que é seu dia preferido da semana. Nunca comi um e nem sei qual a procedência dessa merda, por isso não me atrevi a fazer. Procurei por um restaurante Mexicano ou alguém que faz nessa cidade mas... não obtive sucesso.

Porém, se eu quero mesmo ganhar esse desafio preciso me esforçar.

Dirigi por duas horas de Laguna até Los Angeles, lá eu sabia que iria achar e consegui. Comprei três, ela fica com dois e quero experimentar um. Apenas. Não me parece muito apetitoso. São várias coisas misturadas, uns molhos esquisitos e até feijão tem. Se a atendente não tivesse me ajudado em o que colocar dentro desses burritos eu estava completamente fudido.

Nem passei na lanchonete hoje, sai direto do treino para ir comprar e entregá-los fresquinhos. Vou esperar acabar seu turno para irmos comer na praia, outra coisa que é apaixonada mas isso é fato e todo mundo já sabe.

Olho pela décima vez para o relógio ao meu pulso. Não sei se ela irá gostar exatamente e minha ansiedade parece me corroer por isso.

Acendo meu terceiro cigarro em apenas três minutos e quando solto a fumaça da primeira tragada, escuto o sino da porta tocar. Vejo Krysten e ela...

Melina não parece ter me visto ainda, então vou devagarinho até elas.

— Boa noite garotas. — Minha voz soa mais grossa que o normal, por conta do baixo volume que sai

— Boa noite Martine. — Elas respondem em uníssono

— Bom, acho que lembra do nosso acordo, tenho uma tarefa legal para fazermos... — Meus olhos se fixam nos esverdeados de Bennet

— Acordo? Que acordo? — Krysten parece confusa

— Depois te explico. Pode levar o carro para mim? — Sua amiga apenas aceita e Meli se despede dela com um beijo na bochecha

Tenho certeza que meu sorriso ultrapassaria minhas orelhas se pudesse.

— Droga, achei que tivesse desistido já. — Diz adentrando ao meu Mustang

— Eu nunca desisto, amor. Me choca você pensar assim...

Ligo o carro e dou partida para a mesma praia de todos os dias, que fica apenas quatro minutos daqui.

— É verdade, você não larga do meu pé. — Responde dando de ombros

Solto uma risada e vejo os seus olhos me fuzilando raivosamente.

— Tire essa cara de brava, Meli, nós chegamos e tenho uma pequena surpresa.

— Lá vem... — Revira os olhos

Antes que ela pudesse sair, eu dou a volta por fora do carro e abro a porta para ela.

— Eu tenho mãos, Martine. — Pigarreio. Ela parece lembrar que tem que ser compreensiva e me dá um sorriso fechado — Mas, obrigada!

Depois que sai, pego na mala uma mochila que contém uma toalha para sentarmos e comermos, já que burritos com areia não combinaria, refrigerante e a sacola com o bilhete premiado.

A guio até um lugar na praia que é iluminada pelos postes, se ficarmos tão pertos do mar não conseguiríamos comer direito. Bennet a todo momento apenas me observa ajeitar as coisas e deixar tudo o mais confortável possível para ela, não quero que se sinta mal ou incomodada com algo.