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"Nós nos conhecemos há poucos dias, mas
você já me fez sentir de um jeito diferente"

"Agora, se eu pudesse descobrir o que é isso eu te levaria pra minha casa."

"E nós poderíamos nos intrometer..."
"Poderíamos nos intrometer."
(...)
"Gata, me mostre o que você está fazendo..."

"Venha e vire de costas. Porque não é apenas uma metáfora"

"Você me deixou de joelhos"
"Está ficando mais difícil de respirar..."

Meddle About
— Chase Atlantic

Melina Bennet

Desde muito cedo a vida para mim, foi complicada. Na maior parte dela não tive o que muitos tem..., Brinquedos da moda, um quarto apenas para mim, fazer coisas que me desse vontade e principalmente uma família grande, feliz e unida. Os meus dez anos no orfanato foram extremamente difíceis, o mundo que existe depois da imensa porta de madeira daquele local, até então, era irreal para mim. Minha mãe não me ensinou coisas básicas que uma garota precisa saber e eu nunca gostei de uma pessoa ou nem ao menos me apaixonei porque não há possibilidade nenhuma quando se convive apenas com meninas. Não sei qual é esse sentimento e nem como começa e como termina. Nunca pude pedir conselhos à minha mãe sobre minha adolescência conturbada ou sobre como lidar com certas situações.

Nunca foi fácil. Eu sofri muito com a partida da minha mãe e também pelas consequências que isso me trouxe. O orfanato era bem rígido, tínhamos aulas rigorosas e religiosas também, era obrigatório que usássemos só dois padrões de roupas e os sapatos eram sempre os mesmos. Cabelo preso ou com penteado e nada de unha pintada.

Óbvio que tive momentos bons também, foram poucos mas tive. Tinham duas freiras que eram minhas amigas, não sei se tinham pena ou apenas gostavam de mim mas, quando podiam, traziam para mim de manhã uma revisa e jornais que falavam sobre Astrologia e Astronomia. Tinha previsões para os signos no final da folha e na minha adolescência eu acreditava fielmente naquilo. Nunca vou me esquecer delas, Dona Rosa de mais ou menos sessenta anos e Petúnia, que tinha apenas vinte e oito. Sinto falta delas e espero um dia conseguir visita-las sem medo.

Sofri muito psicologicamente e por conta disso ainda tenho alguns gatilhos que me fazer ficar mal e ter medo. Medo... Era isso que eu sentia todos os dias além da dor. O medo de ser abandonada novamente; o medo de não saber o que fazer quando saísse dali; o medo de não ter o futuro que sempre desejei para mim e de não saber lidar com nada.

Lembro-me que em todos os meus aniversários, no dia onze de outubro, eu fazia o mesmo pedido ao universo...

10 de outubro de 2012
📍Puerto Vallarta, México

Hoje faço doze anos. E é meu quarto aniversário sem minha mamãe. Ainda dói muito não ter ela aqui e ainda mais nessa data, ela sempre fazia um bolo com glacê branco e morangos no topo. Peço todo o ano para as minhas freiras preferidas fazerem para mim exatamente assim, meu único pedido para elas.

— ¡Apaga las velas, Melina! — Disse Irmã Rosa, toda animada vestindo seu hábito branco

— No olvides tu pedido. — Irmã Petúnia completou

Observo todos a minha volta... Estou atrás de uma mesa retangular, meu bolo está em cima dela, do mesmo jeitinho que pedi e com três velinhas em cima. Todas as meninas do meu dormitório estão aqui, fora a Madre superior, Dona Rosa e Petúnia que é Noviça. Elas olham para mim sorridente e esperando meu próximo ato.

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