Emboscada: 29

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No quinto mês de gestação a ministra se sentia radiante ao olhar-se no espelho e perceber o quão mais evidente estava Catarina. Ela passaria minutos admirando o crescimento de sua caçula enquanto percorria a pele esticada com mãos delicadas. Chamava a atenção da pequena com sua voz mansa, cheia de cantorias, fazendo ela responder com sutis chutes mostrando que a escutava. Fábio sempre que se despedia para ir à faculdade abraçava a mesma sempre erguendo do chão, ouvindo suas repreensões por isso aos risos, e ajoelharia para deixar um doce beijo em sua barriga volumosa dizendo a bebê que logo voltariam a se ver. Isso deixava a morena com os olhos marejados de emoção, mal poderia esperar para assistir todos os seus adorados filhos juntos em torno da mais nova integrante.

- Mais tarde a gente se vê, maninha - O jovem garantiu se levantando.

- Se precisar de qualquer coisa não hesite em me ligar, querido - Simone afirmou beijando a testa do garoto e acariciando suas bochechas.

- Quem deveria te dizer isso sou eu, não acha? - Sorriu apontando para o ventre da Tebet.

- Ainda sou sua mãe e você o meu menino - Estreitou os olhos e caiu numa risada frouxa.

- Está bem... Agora seu menino vai se apressar pra faculdade. Daqui uns aninhos posso cuidar de qualquer machucado da Catinha e do me... da minha família - Pigarreou nervosamente e se despediu rápido.

- Tenha cuidado no caminho! - A mulher pediu, preocupada.

A mesma ficara intrigada com a clara tentativa de seu filho de desfazer algo que estava prestes a falar, mas o deixou ir para que não se atrasasse. Queria descobrir o que ele estava escondendo, o que estava lhe deixando ansioso, porém não poderia ser invasiva e o afastar mais. Não sabia se os hormônios que a deixavam sensível demais ou realmente magoou que Fábio não confiasse nela para contar o que estava angustiando seu coração. Evitando pensar tanto nisso, e sentir dor de cabeça com as dúvidas do que poderia o estar afligindo, decidiu voltar sua atenção para o final de semana que passariam na fazenda. Eduarda estava de férias e queria passar um tempo com ela, então aproveitando isso Fábio sugeriu que fossem à fazenda os quatro para tomar um ar fresco. Ela adorou a ideia e já imaginou sua pequena atrás de seus irmãos mais velhos naquela grande propriedade rural.

- Está pronta, mãe? - Eduarda perguntou com um chapéu na cabeça.

- Sim. Deixa só eu pegar a bolsa - Avisou ajustando seus óculos escuros.

- Nada disso, senhora, pode deixar que eu levo - A mais nova se adiantou em alcançar a bolsa.

- Eu ainda posso carregar uma simples bolsa. - Protestou com os braços cruzados abaixo dos seios.

- Melhor não arriscar, mãe. Nada de pesos pra você - Fábio concordou carregando as malas.

- Vocês são uns exagerados! - Reclamou bufando.

- Me diga, dona Tebet, se fosse eu ou a Duda grávida... Iria ficar igualzinha de preocupada, não? - Fernanda sugeriu com uma sobrancelha levantada.

- Talvez..., mas seria diferente - Tentou amenizar.

- Claro que seria - Ironizou, Fernanda, rindo.

- Aliás, meus amores, já que entraram no assunto... Quando terei um neto? - Questionou com um brilho no olhar.

- Melhor irmos adiantando, mãe... Preciso aproveitar o dia pra fazer um negócio lá na fazenda - Comentou Fábio sentindo os olhares de esguelha das irmãs ao que Simone perguntara.

- Vocês estão me escondendo algo. Nem eu e nem Catarina estamos gostando muito disso - A morena se adiantou em sair do apartamento chateada com as desculpas frágeis.

O reflexo em seus olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora