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E D U A R D A

Nem consigo acreditar que ele ouviu meus gritos. Graças a Deus!

Quando encontrei os olhos dele, os mesmos que encarei mais cedo e me deram uma piscadinha, me trouxe uma estranha sensação de segurança. Mesmo que com um cara completamente desconhecido. É como se pudesse ver um rosto conhecido em meio ao caos que estava há poucos minutos.

Continuamos descendo pela rua lado a lado. Sem conversar. Sem ao menos olharmos um para o outro. Apenas andamos pelas ruas silenciosas e pouco iluminadas e eu nem ao menos disse a ele para onde queria ir, mas acho que o fato de andar e respirar um pouco, me traz alguma calmaria.

— Eu não sei seu nome. — Sua voz grossa chega aos meus ouvidos.

— Eduarda. — Me apresento. — Qual é o seu?

— Pra você é Lucas. — Ele se apresenta, e a ideia de que pra mim é seu nome enquanto para os outros provavelmente é algum apelido me faz dar um sorrisinho.

— Quer uma água? — Ele pergunta e tenho certeza de que há um ponto de interrogação na minha testa. — Eu moro aqui. — Ele faz sinal com a cabeça para a casa logo a nossa frente.

— Sim, por favor. — Aceito também pela água, mas porque gosto da sua companhia. Me traz segurança e estou grata por ele ter me salvado daquele filho da puta.

Entramos pelo portão pequeno e depois para o interior da casa simples, porém organizada.

O primeiro cômodo que vejo é a sala. Todas as paredes brancas e um sofá cinza encostado na parede.

— Moro sozinho e talvez você encontre algo jogado em algum lugar, não repara.

— Que nada. Obrigada! Por me salvar, por me deixar entrar também...

— Chega aí! — Ele entra em um cômodo e vou atrás entrando em sua cozinha. Encontro-o com uma geladeira aberta, de onde retira uma garrafa de água e serve em um copo para mim. A casa é até bem arrumada para um cara que mora sozinho e diz "jogar coisas pela casa".

Viro todo o copo em uma só golada e agradeço por ele.

— Você agradece muitas vezes. — Ele diz.

— Não deveria? — Dou um meio sorriso.

— Os agradecimentos são melhores em ações do que em palavras. — Ele dá um passo à frente e eu sei onde ele quer chegar com isso.

— E o que eu posso fazer para quitar essa dívida? — Entro na onda. Talvez pelas bebidas de um pouco mais cedo, ou talvez pela forma com que ele me deixa completamente confortável.

— Acho que um beijinho pode resolver. — Ele dá mais um passo à frente, e mais um, até que esteja a cara a cara comigo. Não sinto a menor vontade de afasta-lo, e ele parece tomar isso como um "sim" e seus lábios tocam os meus. Inicialmente de maneira lenta, mas em poucos segundos se torna um beijo de perder o fôlego.

Nossas línguas se encontram e eu sinto suas mãos por todo meu corpo enquanto minhas mãos enlaçam seu pescoço para traze-lo o mais perto possível de mim.

Em um movimento rápido Lucas segura e ergue minhas pernas, me colocando sobre a mesa, e eu sinto o suor brotando da minha testa. O frio na barriga denuncia a ansiedade que seu toque proporciona.

Seus lábios se descolam da minha boca, para deslizarem pelo meu pescoço, mordiscando de leve a região, me fazendo arrepiar. Minhas mãos descem pelas suas costas, arrastando minhas unhas por cima da sua camisa.

Ele retorna seus lábios para os meus, e ficamos algum tempo tocando um ao outro, em um beijo quase desesperado.

— Quero foder você. — Ele diz.

Herdeiro Do CrimeOnde histórias criam vida. Descubra agora