EDUARDA
— O que vou fazer? — Pergunto para Milena tentando cessar o choro. — Minha avó nem deve aceitar, não tenho dinheiro... Eu nem acabei a escola... Estou completamente fodida.
— Vamos dar um jeito! — Minha amiga me assegura. — Você não fez com o dedo. — Ela diz o último mais baixo e eu saio do seu abraço para encarar seu rosto.
— Não! — A palavra sai em um tom firme da minha boca.
— Claro que sim. Não é justo que você deixe sua vida de lado, destrua seus planos, enquanto ele curte a boa vida. Ele também fez tem que ser dividida para os dois.
— Mas ele é o dono do morro e... — Tento argumentar.
— E é o pai! — Mi me interrompe.
— Pai de quem? — Minha avó surge atrás de nós. — Tá chorando por quê?
— É... — O bolo se forma imediatamente na minha garganta.
Puta merda!
— Fala de uma vez que é melhor. — Mi sussurra em meu ouvido e eu assinto sabendo que não vou ter como esconder por muito tempo.
— Hein? — Vovó insiste.
— Preciso conversar uma coisa muito séria com a senhora.
— Tá! Pode falar. — Ela diz receosa e eu cerro os punhos afim de conter a tremedeira em minhas mãos.
— Durante uma das viagens que você fez, aconteceram algumas coisas... Uma delas foi eu ter tido minha primeira relação. — Tiro logo o band-aid e parece que toda a facilidade de me expressar que tive ao longo da vida e conversar sobre todos os assuntos foi por água abaixo nesse momento.
— TIDO O QUÊ? — Sua voz está estridente e eu me sobressalto. Se ela está assim com o que eu contei até agora, imagina quando soltar a bomba.
— Calma, por favor! — Praticamente imploro. — E... algo a mais aconteceu. — As lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto ela me olha em expectativa.
Sem ter coragem de dizer as palavras, eu estendo o teste de gravidez que segurava em sua direção, fazendo seus olhos se arregalarem de imediato.
— Isso é... — Ela se aproxima e eu assinto. Ela toma o teste da minha mão encarando o positivo. — Eu não acredito que você foi tão burra.
— Eu não quis estar grávida. — A frase sai da minha boca quase inaudível, mas o suficiente para que ela escute e surte.
— GRÁVIDA! Você tem noção do que acabou de dizer? Se não quisesse tinha se prevenido, não tinha transado, ou a merda que fosse. — Gritava e mexia as mãos à frente do corpo de forma frenética. — VOCÊ TEM 18 ANOS, PORRA!
— Desculpa! — Consigo dizer em meio ao choro.
— Desculpa, Eduarda? Desculpa? — Eu abaixo a cabeça em silêncio, e vejo de relance ela passar a mão pelo rosto, antes de continuar. — Já criei um filho que não era meu, mas por um motivo justificável. Sua mãe teria vergonha de você! Se quiser ser uma puta que engravida de qualquer um, seja fora dessa casa. Pegue suas coisas e suma! AGORA!
— Tia, calma. — Minha melhor amiga tentava interferir.
— Calma uma ova! Não venha querer passar pano para a safadeza dessa aí não. Se ela fosse menor de idade eu ainda teria alguma responsabilidade perante a lei. — Ela olha para mim. — Você tem 18 anos, Eduarda. Você foi adulta para abrir as pernas, não foi? Agora seja adulta de encarar o mundo real.
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Herdeiro Do Crime
RomanceEfeito borboleta - variações muito pequenas podem parecer insignificantes, mas gerarão enormes mudanças ao longo do tempo, provocando uma sensação de caos. Uma noite une o destino de Lucas e Eduarda pelo resto de suas vidas. Uma noite de baile. Cami...