Herdeiro Do Crime

04

E D U A R D A

3 semanas depois...

Depois de assistir mais um episódio da minha série, levanto pra fazer xixi. Ao me levantar, preciso de algum tempo para me estabilizar depois de ficar tonta. Sempre tive problemas de tontear quando levanto rápido, e ainda sim ainda não aprendi...

Estou me sentindo muito esquisita. Meus seios estão muito sensíveis, meu humor uma merda, acho que essa TPM veio com mais força do que nunca.

Hoje minha avó chega de viagem, já que essa semana ela passou toda no Sul resolvendo as coisas por lá. Então decidi fazer algo pra comermos, considerando que ela certamente vai chegar com fome e que eu não estou muito diferente disso.

Ao abrir o congelador, decido por fazer um filé de frango. Vi uma receita onde eles são recheados com queijo e presunto. Deve ficar maravilhoso. Já que tentar Deus deixou, eu vou fazer.

Tenho me arriscado muito mais na cozinha nos últimos tempos, já que nem só de restaurantes vive a mulher, e minha avó tem ficado cada vez menos por perto. Estou me virando.

Faço tudo o que a receita manda e coloco no forno enquanto preparo um arroz e uma salada pra dar uma equilibrada.

Logo escuto a porta abrindo.

— Cheguei! — Minha avó anuncia assim que cruza a porta. — Que cheiro é esse? Está cozinhando? Devo me preparar para um incêndio? — Diz em um raro tom de brincadeira ao entrar na cozinha.

— Está desacreditado dos meus dotes? — Vou em sua direção, dando um beijo na sua bochecha, me aproveitando do bom clima que dificilmente paira entre nós.

— Acabei de descobrir que existiam, então estou no meu direito de desconfiar. — Dá uma risadinha. — Enquanto você se utiliza dos seus "dotes", — ela desenha aspas no ar. — eu vou tomar um banho. Estou morta!

Continuo preparando as coisas, quando vou conferir as horas no celular, a tontura me domina mais uma vez e preciso apoiar na mesa pra não cair. No mesmo momento dona Lídia entra na cozinha.

— Tá tudo bem? — Apoia a mão no meu ombro.

— Tá sim, só fiquei tonta. Deve ser fome— Forço um sorriso para tranquilizá-la.

— Tem certeza?

— Tenho vó, não precisa se preocupar.

Logo me recupero e vou acabar de preparar a comida. Quando termino ponho tudo sobre a mesa, sentamos e nos servimos. Espero minha avó comer o primeiro pedaço a olhando em expectativa.

— Huum... Não dava nada por você, está maravilhoso! — Sorrio com o elogio. Não os ouço com muita frequência.

Assim que coloco o primeiro pedaço de frango perto da boca, e o cheiro me atinge, meu estômago embrulha no mesmo minuto. Corro para o banheiro e coloco tudo que não tinha dentro de mim pra fora.

Minha avó aparece na porta preocupada.

— Vamos agora para o hospital.

— Não precisa, é sério. Se eu não melhorar até amanhã eu vou, juro. Hoje não precisa...

— Precisa sim! — Quando nego com a cabeça ela cede. — Tudo bem! Se amanhã você estiver assim, eu te levo nem que seja à força.

Esse meu mal-estar já vem me preocupando. Talvez seja emocional, ou sei lá o que mais, só que normal não é. Em alguns momentos meus pensamentos me traem e me levam para a noite em que fiquei com Lucas, mas em todas essas vezes eu preferi deixar isso de lado, ao invés de enlouquecer pensando em várias possibilidades.