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E D U A R D A

Acordo com minha cabeça explodindo e com um peso sobre minha barriga. Vou abrindo os olhos aos poucos tentando reconhecer o lugar onde me encontrava e tendo uns flashs da noite anterior.

Quando me acostumo com a claridade que vem da janela, percebo o braço tatuado posicionado sobre minha barriga. Me movimento um pouco e isso é suficiente para que o homem ao meu lado abra os olhos; quando me encara, percebo que eles se arregalam um pouco e ele se levanta rapidamente da cama.

— Éhh... oi... — Ele coça a cabeça e observa as roupas espalhadas pelo quarto. — Então, Júlia, o banheiro é ali se quiser usar antes de meter o pé. — Ele fala e abre a primeira gaveta do guarda roupa pegando uma cueca, e em outra, uma bermuda e as veste enquanto eu o encaro perplexa.

— Eduarda! — Corrijo com certa rispidez antes de me levantar pra me vestir.

— Dá no mesmo... — Lucas, o qual me lembro muito bem o nome, vira as costas e sai, me deixando sozinha no quarto.

O quê?

Vou até o banheiro, faço xixi, lavo o rosto e coloco na boca um pouco da pasta de dente que encontro e saio dali o encontrando de frente para a pia da cozinha. Olho para a mesa, a qual me lembro vagamente de estar sentada.

— Estou indo. Você sabe me dizer onde é a casa da Milena? Não sei ir daqui até lá.

— Vai descendo e entra na terceira. Quando chegar, você deve saber onde é. — Diz indiferente.

— Obrigada! — Digo antes de passar pela porta.

Ao lado de fora tinha uns caras armados olhando esquisito pra mim, abaixo a cabeça e sigo meu caminho. Pego meu celular na pequena bolsa que carregava e como esperado, sem bateria.

Pelo caminho, a sensação ardida entre as minhas pernas faz não ter dúvida do que aconteceu na noite anterior. Desde que saí do baile, até o momento em que acordei ao lado dele.

Ao contrário dele, lembro bem de ouvi-lo dizer "para você, é Lucas", e não confundir o seu nome.

Ao mesmo tempo que estou puta com a maneira como essa manhã decorreu, não sinto arrependimento. Não estava completamente sóbria, mas consciente. Se fiz, é porque momento me pareceu certo. A situação era desastrosa, eu estava morrendo de medo, a sua presença me passou segurança e estava tão confortável que naqueles instantes deixei tudo de lado, me permitindo.

Tento achar nas minhas lembranças de utilizado algum tipo de preservativo e essa ideia faz minha garganta secar. Como não tenho certeza vou tomar uma pílula no dia seguinte assim que estiver no caminho de casa, mas isso não muda o fato de que posso ter contraído uma DST.

Quando chego à terceira rua, como o indicado por Lucas, eu acabo me achando. Caminho até a casa de Milena e bato na porta. Ela abre tão rápido que eu até me assusto, seu rosto aparece logo em seguido marcado pela preocupação.

— Onde você estava, filha da puta? Estava morrendo de preocupação. Como você some desse jeito? — Fala praticamente gritando.

— Fala baixo! Minha cabeça está doendo. — Digo e entro na casa. — Estou aqui, não estou? Está tudo bem. Quem me deixou lá foi você.

— Eu sei, e é por isso que estou até agora ligando para o seu celular igual uma louca. Não atendeu por quê, Eduarda?

— Descarregado. — Levanto o aparelho para ela.

— Posso saber onde a senhorita estava? — Ela pergunta enquanto subimos para o seu quarto. Ela está parecendo até que é minha mãe, e isso me faz rir.

Herdeiro Do CrimeOnde histórias criam vida. Descubra agora