Capítulo 57 - A partida

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Acordo. Mais um dia. No entanto hoje não era um dia como os outros. Hoje o meu pai voaria de novo para a Inglaterra. Isso punha-me triste. É o meu pai, vocês percebem certo? Ele será sempre o meu melhor amigo, a pessoa que pude confiar a minha vida toda e que poderei continuar a confiar. Entre ele e eu, apenas existe sentimentos verdadeiros, mentiras e falsidades não estão incluídas.


Luke continuava deitado sobre a cama. As suas pálpebras ainda permaneciam fechadas. O seu rosto mostrava uma expressão calma e doce. Os seus lábios encontravam-se entreabertos e as suas faces um pouco rosadas. O seu cabelo encontrava-se perfeitamente despenteado mas essa tal imperfeição ainda fazia-o parecer mais perfeito. Maior parte do seu corpo encontrava-se descoberto e podia-se ver os seus boxers pretos da Calvin Klein. As suas pernas peludas e o seu tronco estavam nus e os seus pés eram cobertos por umas meias brancas. Decido não o acordar, visto que ele ainda encontrava-se a dormir tão bem.


Dirijo-me ao armário e tiro de lá umas calças verdes claras, uma t-shirt branca com umas letras pretas a dizer "Let's rock!", umas meias brancas também. Calço mais tarde umas all stars brancas e decido não usar casaco. Penteio o cabelo, fazendo um rabo de cavalo e de seguida direciono-me à cozinha. Lá encontrava-se o meu pai, os pais de Luke e os rapazes que tinham ficado a dormir cá em casa. Todos tomavam o seu respetivo pequeno-almoço sem barulho, com ninguém a falar, apenas ouviam-se os talheres e os habituais ruídos que se faz quando comemos.


- Bom dia! - exclamo, cumprimentando-os num doce e audível tom. Como resposta, recebo um "bom-dia" desejado em coro. Sento-me entre Michael e Ashton. Tiro duas tostas do pacote e barro-as com compota de pêssego, a minha favorita. Encho um copo de sumo de laranja natural fresco e sabia mesmo bem.


Enquanto tomo o meu pequeno-almoço, as pessoas vão deixando a mesa, até ficar apenas eu e o meu pai.


- Então Stephanie, passasse alguma coisa?


- Claro que se passa. Tu vais embora.


- É só por mais três meses, está bem? E já foi uma sorte conseguir arranjar esta semana de férias.


- Mas tu não és patrão?


- Sou, mas às vezes isso não é o suficiente. Nem tudo depende só do patrão.


- Vou ter tantas saudades, pai. - digo, agarrando fortemente a sua mão.


- Eu também filha. No entanto pensa, vai passar num instante, eu prometo.


- Está bem. Ficarei a ver se a cumprirás.


Entretanto Luke acorda e dirige-se para a cozinha. Senta-se ao meu lado e ficamos apenas os dois pois o meu pai foi acabar de fazer as malas.


- Bom dia, pequena! - Luke cumprimenta-me colando os nossos lábios.


- Bom dia. - esboço um pequeno sorriso. Volto a concentrar-me no meu prato e olho para o mesmo de forma tristonha.


- Está tudo bem, Stephanie? - Luke demonstra-se preocupado comigo.


- Mais ou menos. - respondo com um encolher de ombros.


- Estás assim por causa do teu pai? Não te preocupes ele voltará.


- Eu sei, mas é sempre triste ter que ficar longe dele. Ele é o meu pai.


- De certeza que ele não te quer ver assim triste. Anima-te. Ele voltará em breve. Vai passar num instante tu vais ver.


Apenas dou um pequeno sorriso. Levanto-me uma vez que já tinha acabado de tomar o pequeno-almoço e dirijo-me até ao quarto. Sento-me sobre a cama e observo o relaxante e salgado mar. Algum tempo depois, Luke entra também no quarto e senta-se ao meu lado.


- O teu pai já vai. Ele está a tua espera.


- Está bem. Obrigado. - levanto-me e caminho até à porta. - Não vens?


- Sim, eu vou.


Dirigimo-nos até ao aeroporto. A viagem foi feita em silêncio. Ninguém falava. Apenas a rádio fazia-se ouvir com as inúmeras músicas que ia passando. Depois de algum tempo de carro chegamos ao aeroporto. Sítio repleto de alegria, tristeza, choros de ambas, despedidas, cumprimentos,...


Ajudamos o meu pai em tudo o que podíamos. Quando os passageiros do seu avião são chamados, um pequeno aperto desperta no meu coração.


- Vai ser por pouco tempo, Stephanie. - ouço o meu pai dizer.


- Vou ter saudades. - abraço-o de forma intensa. Ele fazia-me falta.


- Eu também vou ter.


- Tem cuidado pai. Eu não quero que nada te aconteça.


- Eu vou ter cuidado. Eu prometo. Não te preocupes com isso filha. Aproveita o tempo que ainda tens aqui na Austrália. - e assim ele entra no voo. E assim eu lembro-me que não vou estar para sempre aqui e que quando o meu pai voltar, eu irei embora e não irei ver os rapazes nem Luke tão cedo como eu quero. E isso não é nada bom.


E depois vejo o avião a partir e uma teimosa lágrima é largada pelo meu olho esquerdo.




Australian Love Affair 1 - AcabadaOnde histórias criam vida. Descubra agora