Capítulo 47 - Impossível!

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          - Stephanie! - Michael chama-me, pronunciando o mesmo num tom altíssimo. 

        

        - Diz! - respondi na mesma altura.

        - Vem até aqui! Depressa!

        Levanto-me, arrumo a toalha e o resto da tralha e dirijo-me até Michael, curiosa para saber o que Michael me queria dizer. Curiosidade. O único sentimento que preenchia o meu corpo. Esta tinha-se infiltrado na minha via sanguínea e agora andava nesta, percorrendo todo o corpo.

        O meu coração começou a bater mais depressa, os tremores faziam-se sentir, e a falta de ar despertava. Era uma crise de ansiedade pelo qual o meu coraçãoo já está acostumado a passar. Mais uma das muitas que o meu corpo e eu já estávamos habituados a sentir. 

        Abrandei por breves segundos, mas os suficientes para fazer com que a voz de Michael preenche o ar que nos envolvia com uma pequena movimentação do ar, à qual denominamos "vento". Este era morno, porém, um morno bom. Um morno que nos fazia sentir bem. Não era nem demasiado quente, nem demasiado frio o que me fazia apreciar este ar durante alguns momentos.

        - Stephanie! Vá lá! - Michael grita quase no meu ouvido. 

        - Calma! Se calhar estás com tanta coisa e não vai ser nada de especial! - afirmo num tom de chateada. Chateada por ele não me deixar nem sequer me deixar aproveitar este tempo bom durante alguns segundos. Eu gosto do calor e do sol e eu sentia bastante falta disso, lá em Inglaterra. Quase chovia todos os dias, para minha infelicidade. Mesmo assim, nada me impedia de fazer ciclismo todos os dias.

        - Anda comigo e veremos se será boa ou não a surpresa.

        - Okay. No entanto, se eu não gostar vais ver. - ameaço Michael num tom de bebé.

        - De certeza que vais gostar. Aposto 10 doláres como vais gostar.

        - Nem penses. Não vou estar a gastar o meu dinheiro em apostas. Tenho mais que fazer com ele. 

        - Por exemplo, em...

        

        - Pranchas de surf, fatos de banho, fatos para surf,... - enumero.

        - Okay. Eu já tinha percebido que a tua vida é surf, está bem?

        - Sim. Anda mostra-me a surpresa. Eu quero saber.

        Michael estende-me a sua mão direita. Estendo a minha mão esquerda da direção da de Michael e agarro-a sendo levada por estar até casa de Luke.

        O sol ainda erguido no céu estava. Deveriam ser quatro da tarde, no máximo. Micael continua-me a guiar em direção à casa de Luke. Quando subo as escadas para o alpendre reparo num carro que se encontrava ao lado da casa. Era um carro inglês. As características deste, até então, desconhecido carro impressionavam-me. Este carro anónimo tinha tudo igual ao do meu pai. Até o pequeno risco na luz esquerda da parte traseira do carro da Mercedes era igual. O risco que o meu pai tinha feito quando eu estava atrasada para as aulas e com a pressa, o meu pai estancionou rapidamente, mas como o velho ditado diz depressa e bem há pouco quem e azarentos como somos dois, o meu pai não fazia parte da população que se integrava no ditado. Assim riscou o carro ao estacionar o seu veículo. Isto há cerca de três anos.

        O meu subconsciente já imaginava as diversas formas do reencontro com o meu pai, mas o meu cérebro lembra-me da palavra "coincidência". Decerto, o meu cérebro poderia ter razão. Embora nunca fui muito fã das "coincidências", mas a verdade é que bem esta poderia ser apenas mais uma coincidência. Só de me lembrar nisso, o meu coração doía. Sinto tanta falta do meu pai. 

        - Agora, fecha os olhos! - Michael pede-me. Assim faço. As minhas pálpebras fecham-se e a única visão que tinha era preto. Agora estava nas mãos de Michael. Ele era o meu guia agora. 

        Qual seria a surpresa que me esperava? A surpresa que tanto me faz esperar. Sinceramente, nunca gostei de surpresas. Deixam-me sempre neste estado de ansiedade elevada e depois fico com crises de ansiedade, faltas de ar, fico com stress, etc... tudo aquilo que não quero. 

        Michael move-me por dentro da casa. Cada vez mais perto ouço vozes. Sotaques australianos, mais sotaques australianos. No entanto, um sotaque sobressaia-se. Era...britânico. Aparentava ser. Digamos que era uma mistura de sotaque australiano com britânico. Um sotaque deveras impressionante e diferente. Só conhecia-me uma pessoa assim: o meu pai. Quando a hipótese da surpresa de ser o meu pai, um sorriso glorioso forma-se na minha face.

        - Falta muito? - pergunto cada vez mais ansiosa.

        - Espera...Aguenta-te. - Michael reprende-me. Durante mais alguns segundos, as mãos grandes e fortes de Michael continuam-me a atrapalhar a visão. Finalmente, Michael diz-me. - Já podes abrir os olhos.

        

        Muito lentamente, abro os meus olhos curiosos. O meu coração bate a mil à hora. A respiração falhava-me. Finalmente tenho a minha visão de volta. Olho para chão, em primeiro. A seguir, começo por subir o meu olhar quando deparo com aquela familiar. Aqueles lindos cabelos, os seus olhos bonitos, a sua estatura alta, o seu ar de responsável e cansado. No entanto um sorriso aparecia diante de todo o cansaço. Sorriso, cujo qual me transmitiu muita felicidade. Sorrio de orelha a orelha, aslágrimas de felicidade começam por molhar a minha pele lentamente. A saudade tinha desaparecido. A surpresa era o meu pai. Nunca esperei isso. Pensei que se era possível na minha cabeça, mas aqui está ele. Diante de mim, também com uma lágrima intrusa a molhar o seu rosto parecido com o meu. 

        - Pai! - pronuncio por entre as gotas de água salgadas que impedem de dizer muito mais. 

        - Stephanie! - o meu pai pronuncia, sorrindo ainda mais.

        Um impulso elétrico atravessa o meu corpo de lés a lés. De repente, quando dou por mim, estou a correr para os grandes braços do meu pai. Os meus braços apertam-no, o meu corpo cola-se ao dele. Ele rodopia-me no ar, rindo alegremente. Rio também. Era impossível ele estar aqui, mas ele estava de corpo e alma a abraçar-me. 

        Ele faz-me festas no cabelo e encosta a minha cabeça contra o seu peito, continuando a acariciar-me no meu cabelo. 

        - É impossível! - repito agora em voz alta. 

        - Não é! Eu estou aqui. - ouço a reconfortar-me.

        Esta era a melhor surpresa que me podiam dar. Era o melhor presente que podia ter.

      

Australian Love Affair 1 - AcabadaOnde histórias criam vida. Descubra agora