Capítulo 8 - Sincronia

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 "Humanos ou não, eles estão ameaçando a vida de vocês! E a segurança da missão contra o demônio!" foi o que Salvatierra havia lhe dito antes de desligar o comunicador, e agora Angelica tinha que lidar com um bando de homens frustrados e desocupados que queriam empatar a foda delas. E por foda ela queria dizer MATAR UM DEMÔNIO GIGANTESCO que possuía um enorme FOGO NO RABO pra DEVORAR PESSOAS E CAUSAR O CAOS.

- Dá licença, isso aqui é trabalho de profissional! - ela ainda tentou dialogar enquanto ia na direção deles, mas apenas recebeu uma saraivada de tiros como resposta. Com sua magistral agilidade ela derrapou pra trás de alguns escombros, com Kuldra logo atrás.

- Eles não vão nos dar razão. Acham que somos demônios. - N'Kosi respondeu, deixando claro o óbvio.

- Mas eles têm que nos ouvir, porra! Bando de corno do caralho! - Ritter gritou, irritada - Quem eles pensam que são? Aposto que é um bando de virgem machista putinho porque a gente é foda e eles não!

Mais algumas saraivadas de tiros acertaram a parede capenga de tijolos, deixando as duas preocupadas.

- Eu tô falando sério, vocês não querem- - e Angelica pôs a cabeça pra fora pra gritar com eles, mas foi rapidamente puxada antes que mais balas a acertassem - Caralho!!!

Kuldra suspirou, segurando a garota pelos ombros e a olhando nos olhos.

- Somos nós ou eles. Não tem outro jeito. - e acenando com a cabeça enquanto mantinha uma expressão vazia, ela pegou sua marretona e a lançou na direção de um dos furgões antes de correr na direção dos homens e os enfrentar no soco mesmo.

Angelica ficou abismada, claro, e olhou ao redor procurando por alguém que pudesse pôr um pouco de ordem no lugar. Não muito longe, Johnson atirava contra os homens que tentavam abater Kuldra sem nenhum remorso enquanto se aproximava aos poucos, esquivando de projéteis e recarregando sua pistola em curtos espaços de tempo. E ao fundo, as outras veteranas tomavam uma coça do demônio flamejante junto das gêmeas branquelas. "Por que Salvatierra não pediu pras duas cuidarem desses idiotas, hein?", foi o que ela pensou enquanto toda aquela barulheira parecia que ia lhe enlouquecer, mas o que a deixou assim na verdade foram os soldados que se juntaram para enfrentar sua dupla de uma vez. Três, não, quatro idiotas tentavam acertar Kuldra que se esquivava e acertava as pernas de um deles com a marreta. O homem berrou de dor, claro, mas os outros continuaram atacando.

- Demônio! - um dos homens gritou, batendo com o cabo do fuzil no corpo de Kuldra, que segurou a arma antes de jogá-la longe e socar seu portador - Argh! Você não nos vencerá, sua enviada do inferno!

E enquanto a grandalhona tentava se desvencilhar dos outros ataques, não reparou numa arma que era apontada bem para a sua cabeça. Angelica deu um grito desesperado e estendeu a mão, assustada.

- NÃO!!!

Sua luva brilhou e o raio saiu num impulso, acertando o homem que agora gritava antes de cair no chão, morto. Seu corpo estava queimado e fumaça levantava enquanto Ritter o encarava completamente assustada, mas nem teve tempo para pensar.

- SUA DESGRAÇADA! FILHA DO DEMÔNIO! - e mais tiros foram disparados, dos quais Angelica esquivou até sentir uma bala de raspão em seu ombro e outra pegar no seu braço em cheio - MORRA!!! VOLTE PARA O INFERNO DE ONDE VOCÊ VEIO!!!

- Será que dá pra vocês... PARAREM COM ESSA PORRA? - e as luvas tecnológicas se encheram de energia, que Ritter jogou contra os homens e seus furgões numa carga absolutamente INSANA! Um brilho cegante tomou conta do lugar enquanto vozes gritavam e o cheiro de queimado impregnava as narinas de Angelica. Quando ela finalmente abaixou as mãos, ofegante, viu uma dúzia de homens caídos no chão, mortos, seus corpos tendo espasmos mesmo que estivessem sem vida. Os poucos que haviam sobrado voltaram correndo para o furgão que ainda estava inteiro, o ligando e batendo em retirada.

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