Capítulo 24 - Cicatriz

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Claro que o alarme chamou a atenção das novatas que já não eram mais novatas. E logo todas se encontraram na quadra e pegaram suas armas enquanto Salvatierra dava as ordens.

- Outra horda de demônios apareceu no centro da cidade, o helicóptero vai levar vocês até lá... Algumas veteranas já estão cuidando do pior, então vocês vão cuidar dessa área aqui. - e Salvatierra apontou num mapa a direção, cruzando os braços logo depois - O trabalho é simples... Cheguem lá, matem os demônios e voltem. Pronto. Aproveitem que subiram de farda e provem seus valores.

E antes que alguém pudesse fazer alguma pergunta, ela deu as costas e saiu andando.

- Sério? Essa filha da mãe tá cada vez mais folgada! - Angelica disse, irritada, já calçando suas luvas - Tá achando que somos cachorrinhos dela, é? Vai jogar um graveto e mandar a gente pegar?

Vivien até pensou em alertar Angelica sobre Salvatierra ouvir aquele linguajar, mas sinceramente? Ela achava reconfortante ver mais pessoas se rebelando. Então olhou para Dani, que encarava as mãos silenciosamente.

- Está tudo bem?

- Sim, sim! Meus braços só tão doendo um pouco... Estranho, achei que a essa altura eles já tivessem cicatrizado. - Gonzales responde, mas logo sorri - Mas vai passar, logo logo! Não se preocupa com isso, hehe!

E Blanchard suspira, meio preocupada. Talvez sua dupla estivesse apresentando sinais de estresse pós-traumático? Faria todo o sentido, levando em conta que ela perdeu as mãos.

- Estão todas prontas? - Ashley perguntou, dando uma conferida em seu chicote - Quanto mais rápido acabarmos com isso, melhor, não é mesmo?

A verdade era que a americana também não sabia se estava pronta pra lutar. Da última vez que fez isso, ela perdeu um dos amores de sua vida... Sua mão tremeu um pouco, mas logo ela sentiu Martins segurá-la gentilmente.

- Vamos lá. Vai dar tudo certo.

Todas subiram no helicóptero e lá estavam Aase e Berit, sentadas uma ao lado da outra, sorrindo pra todas e dando um leve aceno. O arrepio na espinha pareceu ser um acontecimento geral, porque tirando Kuldra que foi educada e acenou com a cabeça, todas apenas foram pra seus respectivos cantos e se sentaram. E de todas as pessoas ali, era justo Ashley quem estava mais incomodada com a presença das gêmeas.

"Elas... estavam com Yoshi..." - ela pensou, roendo uma das unhas por conta da ansiedade "E elas voltaram inteiras! Como isso foi possível? Por que não ajudaram minha Yoshi a sair daquele barco?"

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Os bombeiros finalmente tiveram permissão pra se aproximar e apagar as chamas que o enorme demônio de fogo havia deixado pela cidade. Algumas soldados do IND haviam se ferido, mas por sorte, nenhuma baixa ocorreu naquele dia. Sentada na frente de um prédio, retomando seu fôlego, Suzana Salvatierra encarava uma Annchi que parecia radiante, mesmo com uma queimadura de segundo grau no braço e alguns outros ferimentos aqui e ali.

Como ela conseguia ser assim?

- No que está pensando? - a chinesa perguntou, encarando sua dupla com um leve sorriso.

- Ah, você... Não sente medo?

- Hã? - Annchi pareceu confusa, então logo deu uma risada gostosa - É claro que eu sinto medo, sua bobinha! Haha! Você também sente, não é? Por que eu não sentiria?

- Bem, durante a luta você pareceu tão firme... Tão focada... Nem pareceu sentir quando o demônio jogou um jato de fogo em você!

- Heh, você também foi incrível que eu vi, ok? - e Salvatierra tomou uma leve cutucada de sua dupla, ficando vermelhinha - Como foi que você soube justamente onde acertar pra matar ele?

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