Capítulo 5 - Objetivos

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Aquela mansão era enorme. Uma das maiores daquele lugar. Ficava mais isolada que as outras por ter um enorme quintal que mais parecia uma floresta. Ainda sim, todos sabiam da presença dela. Pra todos, era símbolo de riqueza, de poder, de renome... pra ela, era só mais um símbolo de horror.

"Parece uma mansão de filmes de terror", pensou uma vez, quando ainda era muito jovem.

E mesmo sendo muito jovem, ela já tinha que treinar.

- Ombros pra trás. Peitos pra frente. Olha a postura! Isso... segure mais firme, a rapieira é a extensão do seu braço, não se esqueça disso! - e então, uma porrada na espada... não, na sua mão, que ficou vermelha automaticamente e ela soltou a arma. - Mas que merda, já disse que a espada é a extensão de seu braço, quer ficar sem o braço!?

Ela olhou pra espada engomada caída no chão.

Tinha só 12 anos.

...

- Você tem que ser a imagem e semelhança de sua família, do seu nome, da sua herança. Você é a herdeira de uma grande linhagem honrada, então tem que fazer por onde, ouviu?

Vivien passava os olhos por sua casa. Todos os móveis eram antigos, porém caros e bem cuidados. Os corredores semi-escuros com cortinas de veludo vermelho. Os carpetes caros. E aquele maldito corredor que mostrava... os quadros.

Ela sempre era levada por lá pelas "treinadoras" da família. Contratadas pra lhe manter "dentro da linha" desde jovem. Muito, muito jovem. E elas ficavam apontando pros quadros onde haviam sua mãe, sua avó, sua bisavó, sua... todas as mulheres de sua família desde que IND passou a se chamar assim.

Todas Generais, todas com posturas invejáveis, sorrisos confiantes e os mesmos narizes aduncos que ela (outra herança de família).

Todas tão jovens e tão diferentes de...

- Está ouvindo o que estou dizendo??? - a treinadora diz, enfurecida. Todas eram assim, impacientes.

- Sim, senhora. - disse, com uma voz robótica, uma expressão inexpressiva, um cansaço mental e religioso, quase.

- Porque não parece! - e então, a mulher foi andando e apontou pra um quadro vazio, uma moldura. - Este será seu futuro quadro, pra geração de suas filhas e netas e bisnetas poderem admirar você, na sua mais alta posição de membro do IND, General, obviamente.

"E se... eu não quisesse fazer essa merda?" pensava ela, a todo instante, mas não falava.

Não, não falava.

Quando ousou falar isso uma vez, quando era muito, muito nova... uns 7 anos, mais ou menos.

"Mamãe, eu quero ser veterinária!"

Vivien nunca viu sua mãe tão furiosa. E ver sua mãe furiosa era digno de um filme de terror. Nem só por conta do ódio que ela sentia, mas por conta de...

...

Não. Vivien nunca mais se atrevera a ter "vontade própria". Isso era coisa pros reles mortais que não faziam parte da família poderosa Blanchard.

Em suas veias já corria o sangue de uma membro do IND.

Ela nunca teria escolhas na vida.

-/-/-

- E aí, como ela está? - pergunta Angelica, com um sorrisinho malvado. Claro, depois que o desespero passou, ela voltou ao seu "modus operandi" normal. Ou seja, ter uma língua afiada que sempre soltava veneno quando bem podia. Em falar em língua, a sua era levemente pontuda.

I.N.D.Onde histórias criam vida. Descubra agora