Capítulo 29 - Reflexo

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Um lugar muito, muito frio. Em um casarão no meio da neve. Um homem entra pela porta e tira o casaco. O aquecedor pelo menos estava ligado. Ele esfrega as mãos uma na outra, porque apesar das luvas, as pontas de seus dedos estavam dormentes. A mulher, na cozinha, fazia comida.

Ele se aproxima.

- Onde elas estão?

- Estão treinando lá embaixo.

- Certo. A janta já está pronta?

- Está quase. Pode chamá-las.

A Lua brilhava lá fora, redondíssima, cheia.

E então, ele assente com a cabeça e vai andando. Há uma lareira que não é utilizada. Ele apenas movimenta uma pequena estatueta de um monstro inumano em cima da mesma, e com um estrondo de pedras e metal, a lareira vai pro lado dando lugar a uma abertura grande o suficiente pra duas pessoas passarem por ela.

E logo depois da abertura há uma escada descendo. Ele começa a descer, apoiando-se na parede de pedra maciça.

Aquilo parecia estar ali por muitos e muitos anos, porém, contrastava com algumas coisas tecnologicamente avançadas.

Ele desce e desce. Apalpa a barba. Ele temia que com a idade avançada, em um determinado momento, seus joelhos não mais aguentassem e ele viesse a cair dali, claramente morrendo na queda.

Mas não tinha jeito.

E quando chegou lá embaixo, havia essa enorme câmara, novamente, onde o passado se fundia com o futuro. As paredes maciças de pedra medieval versus alguns monitores, cabos e outros circuitos tecnológicos.

Ele olhou as crianças treinando.

Era sempre maldito e surreal.

Era sempre... muita coisa.

Pelo menos pra duas adolescentes.

- Certo. A janta está pronta. Vocês precisam parar agora.

E então, uma das crianças parou de lutar/treinar e sorriu pro adulto, que não se parecia em nada com ela.

Porém, a outra criança não parecia parar de treinar/lutar.

Ela parecia meio... afetada.

A segunda se preocupou.

- Ela... ela não está "voltando".

- Merda. Pegue o antídoto!

E a jovem que havia parado correu para o canto da sala, onde havia uma espécie de armarinho refrigerado com vários tubos com líquido colorido fluorescente e é claro, seringas de metal para aplicação. Sem que o homem precisasse guiá-la, ela furou um dos tubos e puxou o líquido pra dentro da seringa, quase deixando o mesmo totalmente vazio.

E logo depois, correu de novo pro centro da câmara.

O homem correu para o meio do lugar, tirando de outro compartimento tecnológico nas paredes antigas uma espécie de arma tranquilizante, e tentando se aproveitar de todo seu tamanho e porte físico, ainda que com a idade avançada, ele tenta conter a primeira garota.

Mas ela estava forte, grande e bruta.

E a briga é quase injusta.

A garota "tranquila" corre com a seringa na mão, enquanto o homem tenta segurar a outra.

- APLIQUE! APLIQUE!

A menina até tenta, mas a força da brutamontes era tão massiva, mas tão massiva, que joga o homem longe e dá um tabefe na seringa, jogando-a também.

I.N.D.Onde histórias criam vida. Descubra agora