9. A pessoa que destruiu minha vida

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- Sabe, eu não entendo nada de medicina. Mas eu realmente acho que você não deveria estar bebendo literalmente enquanto está com medicação na veia.

Shanks me olhou de lado, revirando os olhos.

- Ah, por favor. Você acha que isso vai me afetar? Eu bebo desde a hora que acordo. Um remedinho não vai mudar nada.

- Eu espero que afete. Estou querendo tirar umas verdades de você...

Ele riu.

- E você acha que preciso estar drogado pra te falar verdades?

Dessa vez, eu que revirei os olhos.

Vê-lo deitado totalmente a contragosto na maca, comigo sentada na poltrona dentro da mesma sala, era ao mesmo tempo engraçado e estranho. Eu nunca pensei que veria o ruivo com uma agulha na veia tomando remédio.

Mas pelo menos ele estava bem. Ele parecia bem, parecia não ter sido afetado pelas coisas que aconteceram no dia anterior. Seu ombro já estava cheio de bandagens e ele não parou de beber, então acho que estava se aproximando da cura completa. O que com certeza é uma recuperação muito mais rápida do que a de uma pessoa normal ao levar uma rajada de luz do Kizaru.

Falando em luz, instantes depois, eu acabara de ver Shanks terminar metade de uma garrafa de vodka de uma só vez. Me deu arrepios só de pensar em tomar aquilo, puro, naquela quantidade e tão rápido.

Ele me pareceu zonzo.

- Tá tudo bem aí? - perguntei com um risinho.

- ...sim. - ele tardou a responder, e percebi que finalmente consegui o que queria: o ruivo vulnerável, bêbado e afetado pelos remédios, pronto para responder qualquer coisa que eu perguntasse com toda a sinceridade do mundo.

Era pra isso que eu tinha ficado sentada ali horas à fio. Quer dizer, além do fato de eu o amar, querer sempre estar ao lado dele nos momentos difíceis, blá blá blá.

Eu dei um sorriso muito maligno para mim mesma, levantando e me aproximando da maca onde ele estava deitado. Ele estranhamente não parava de soluçar. Mas era de se esperar.

- Oi. - murmurei ficando ao lado dele.

- Sabe, S/n - soluço - você é uma flor muito bonita... como essas rosas que você faz - soluço.

Eu corei mais do que deveria.

- Obrigada, obrigada. Mas você está bem?

- Estou ótimo. - soluço - nunca estive melhor. - soluço.

- Que bom saber disso - sorri - a propósito, eu estava pensando...

- Eu tenho uma confissão a fazer... - ele me interrompeu, soluçando.

Isso seria mais fácil do que eu imaginava. Shanks era tão fofoqueiro que eu nem precisei perguntar nada antes dele abrir o bico.

- Confissão, é? Que tipo de confissão?

- Eu estava pensando... - soluço - você e eu... a gente poderia... você sabe... - soluço.

Eu o olhei intrigada enquanto ele lutava com o cérebro para formar uma frase.

- Poderia o que?

- A gente podia casar e ter uma porção de filhos - ele gargalhou, soluçando - imagina só, nós dois, um casalzinho feliz, com um montão de criancinhas correndo pelo navio - soluço.

Eu senti meu sangue ferver. E minhas bochechas queimarem.

- Você enlouqueceu? - falei num tom mais alto do que o normal - filhos? Uma porção deles?! Correndo pelo navio?

Les tulipes | Shanks x S/nOnde histórias criam vida. Descubra agora