7. Sou uma mulher decidida

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Era dia. Para ser mais específica, era uma manhã, como outra qualquer. Estávamos em alto mar e eu me encontrava sentada de frente para o oceano, no convés do navio, observando o movimento daquela água na qual eu jamais poderia entrar novamente.

As lembranças do sequestro e das perdas em minha vida me assombravam constantemente. Eu não podia escapar dessas memórias, e por mais que tentasse ignorá-las, elas sempre encontram uma maneira de se infiltrar em meus pensamentos.

Você é forte, S/n, lembre-se disso. Você superou coisas difíceis antes e superará de novo.

Mas a sensação de impotência e vulnerabilidade que experimentei durante o cativeiro me perseguia implacavelmente. Cada vez que fechava os olhos, eu revivia a terrível sensação de estar algemada, de não poder me defender. Apanhar era ruim, mas a pior parte era sentir que estava à mercê daqueles piratas desprezíveis.

Eu deveria ter sido mais cuidadosa. Deveria ter percebido o perigo. Agora, estou presa a essas lembranças horríveis.

Eu sabia que precisava confrontar meus medos e traumas, mas era uma batalha interna constante. Não posso ser fraca. Preciso me levantar, mostrar a eles e a mim mesma que não sou indefesa.

À medida que os pensamentos continuavam, minhas lembranças se mesclavam com outras dolorosas - a perda de meus pais. Minha mente me levou de volta àquele dia sombrio quando tudo mudou para sempre.

Eles foram tirados de mim, de uma forma tão brutal. Não consigo entender por que alguém faria isso com nossa família.

Lembrei-me de como eu e Pedro enfrentamos o luto juntos, como nos tornamos o apoio um do outro em meio à dor. Ele sempre esteve ao meu lado, mesmo nos momentos mais difíceis.

Preciso honrar a memória deles, especialmente da mamãe. É o que eles esperariam de mim.

Essa batalha interna era constante, mas eu sabia que precisava enfrentá-la para poder seguir em frente. Não poderia deixar que o medo e a tristeza me dominassem. Eu precisava me curar, me tornar mais forte e não deixar que meu passado me definisse.

Eu sou S/n, a garota das flores, a irmã de Pedro, membro dos piratas do ruivo. Eu sou forte e vou superar tudo isso, eu repeti como um mantra, esperando que com o tempo, essas palavras se tornassem uma verdade inegável para mim.

Enquanto repetia estas mesmas palavras diversas vezes dentro da minha cabeça, mal pude perceber quando Shanks se aproximou, me observando olhar o horizonte, imersa em meus pensamentos. Ele se aproximou calmamente, parecia estar cauteloso. Devia estar preocupado com a maneira de eu me comportar desde o sequestro.

- Oi. - ele disse suavemente, sentando-se ao meu lado. - você parece perdida em seus pensamentos. Quer conversar sobre alguma coisa?

Eu olhei para ele, forçando um sorriso para disfarçar o que realmente estava sentindo.

- Não é nada, Shanks. Só estou pensando em algumas coisas.

- Você sabe que pode me contar, certo? - ele disse, colocando a mão gentilmente sobre a minha. - Eu estou aqui para ouvir e te apoiar, não importa o que seja.

Eu suspirei, sentindo-me dividida entre me abrir e manter todos esses sentimentos e ansiedade guardados numa caixinha.

- É só que... essas lembranças do sequestro, elas não me deixam em paz. E eu também fico pensando nos meus pais, em tudo o que aconteceu.

Shanks segurou minha mão com mais firmeza, olhando-me nos olhos.

- Eu entendo que tudo isso foi terrível e traumático. Você não precisa enfrentar isso sozinha. Eu estou aqui para te apoiar. Eu quero estar ao seu lado em todos os momentos, bons e ruins. - sorriu.

Les tulipes | Shanks x S/nOnde histórias criam vida. Descubra agora