6. Tudo aconteceu muito rápido

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Eu estava com ciúmes. Eu não queria, e nem iria admitir, mas o que eu mais sentia no momento era isso: ciúmes.

Quando saí do navio para espairecer, eu estava com raiva de Shanks. Mais do que raiva, eu estava chateada. E sim, eu sabia que, em tese, a culpa não era majoritariamente dele. Ele era famoso. Qualquer pessoa reconheceria aqueles cabelos ruivos e a cicatriz, em qualquer lugar.

Mas ninguém reconheceria a S/n. A S/n era bonita, inteligente, boa com plantas. Mas ela não era nada demais. Ela não era relevante, famosa. Ela era a nova distração do imperador dos mares. Nada além disso.

Eu sabia que não era bem assim. Eu realmente acreditava que Shanks gostava de mim, que eu não era uma vadia qualquer que ele havia conhecido num bar. Mas qual era minha carta na manga? Nenhuma.

Eu não casaria com Shanks. Eu não seria a mãe dos possíveis filhos dele. Eu voltaria para minha ilha dentro de algum tempo e viveria uma vida comum. Como se nada disso houvesse realmente acontecido.

Talvez ele viesse visitar de tempos em tempos, e teríamos uma só noite juntos para relembrar o que vivemos. Isso até que eu conhecesse alguém, um cara normal. Um cara que tivesse um trabalho normal e não fosse um criminoso.

Todos esses pensamentos viajavam pela minha mente enquanto a brisa da noite ventava pelo meu rosto, e eu simplesmente existia. Shanks não me seguiu, e eu não quis que ele me seguisse. Pelo menos era o que eu tentava afirmar pra mim mesma.

Quando aconteceu, eu estava distraída. Não estava chorando, estava só pensando em tudo. Uma pancada na cabeça foi o suficiente para me deixar desacordada por umas boas horas, horas o suficiente para já ser dia e eu perceber que estava em alto mar.

Abri os olhos com dificuldade e vi a luz do sol. Demoraram alguns segundos até que eu pudesse me situar e entender que eu estava em um lugar totalmente desconhecido.

Meu coração disparou quando senti o cheiro de maresia, um deck de madeira com alguns homens que conversavam entre si, nenhum deles conhecido por mim.

Olhei para minhas mãos e vi que estavam presas em correntes, assim como minhas pernas. Observei que meu corpo parecia enfraquecer a cada milímetro que eu as movia. Ótimo, oceanite. Não que eu tivesse lá tantos poderes interessantes para usar contra eles.

- Ótimo. A vadia acordou. Vamos, cara, me ajude aqui - ouvi um dos mal-encarados falando para o outro, ignorando o fato de que eu os podia ouvir.

- Ora, ora. Acho que nós demos sorte. - o mais alto, barbudo, disse alto - eu sabia que o ruivo jamais escolheria uma feia. Ela tinha de ser especial.

Eu estreitei os olhos, analisando a situação. Eu precisava pensar estrategicamente, precisava ganhar tempo. Eu sabia que toda a tripulação de Shanks estaria atrás de mim nesse exato momento. Eu sabia da capacidade de Pedro de matar qualquer pessoa que me fizesse mal.

- É, realmente, sou um colírio para os olhos - eu disse de maneira sarcástica - por isso acho que você não seria imprudente o suficiente de fazer algo de ruim para esse rostinho bonito.

- Garota, você sabe o quanto você vale? - o outro, mais baixo, cuspiu as palavras - você é simplesmente a irmã do Pedro, mulher do Shanks e membro dos piratas do ruivo. Nós não somos tão burros a ponto de machucá-la. Vamos te usar para negociação.

- Mas, veja, vocês já me machucaram. Me deram uma pancada na cabeça. Eles não vão gostar nada disso. - falei tranquilamente - aliás, o plano de sequestro e extorsão também não ajuda muito.

- Não interessa, eles vão querer você inteira. Virão aqui e irão implorar para devolvermos você para eles.

Eu ri.

Les tulipes | Shanks x S/nOnde histórias criam vida. Descubra agora