Estes azulejos coloridos;
estes azulejos pretos...
estes brancos...
me fazem voltar há alguns anos,
para a casa de minha avó
ou para a casa de minha mãe,
onde não haviam azulejos coloridos,
azulejos pretos
ou brancos,
porque o chão era de barro.
Estas paredes lisinhas,
pintadinhas de creme
e com quadros decorativos,
puxam-me para trás,
para a casa de minha mãe -
para a casa de minha infância,
onde as paredes não eram lisinhas
e nem pintadas de creme,
sem quadros decorativos,
porque as paredes eram de barro.
Estas geladeiras enormes
Com freezer à vontade
e com filtro na porta,
lembram-me de um tempo
em que nas casas dos meus vizinhos
e nas casas dos amiguinhos
não haviam geladeiras enormes
com freezer à vontade,
tampouco, filtro na porta,
porque só tinham potes de barro.
Estes portões metálicos;
estas grades de ferro;
estes corações de mármore
arrebatam-me para o passado,
para aquelas ruas do vilarejo,
para aqueles sorrisos de relampejo -
quando não haviam portões metálicos
ou portas metálicas
ou grades de ferro -
quando ainda havia corações de barro.
2016
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Hospedaria de Abstrações
PoezieUma coleção de poemas e versos, escritos pelo autor ao longo de vários anos, que abordam temas como: sentimentos de não-pertencimento, aspirações existenciais, a decadência da existência, do amor e da própria noção de si, enaltecendo a escrita poéti...
