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╰────1000 palavras

Não há mais lugares no interior da Arena de Águas Negras, batizada em homenagem à praia que abriga na ponta de seu sorriso uma formação de rochas altas e corais coloridos. No centro da arena, um grande círculo alagado com a água mais clara que já se viu, cortado por pontes de tábuas e rodeando por arquibancadas de pedra musguenta. Sem cobertura, a imensidão do mais perfeito anil é delimitada apenas pelas bordas rochosas e raios de sol.

Canta o Sino de Batalha, melodia mais aguardada da ilha Destra. A ruiva de capuz marrom aguarda em seu lugar na arquibancada. Na ponta oposta à entrada está o camarote reservado às pessoas verdadeiramente importantes e ao juiz. Não demora para ele e o último alarido aparecerem. Boggs é o único androide presente em Destra. Parece um boneco de testes automobilísticos e sempre começa as lutas apresentando o desafiante:

⎯⎯  ...hoje trago um estrangeiro. Ele disse que já mora aqui há um ano. Com seu inicial total de zero vitórias, vamos testar as habilidades do misterioso... SANGUE ESCARLATE!

Pela tradição, a plateia recebe o novato com uma vaia. A ruiva estica o pescoço para enxergar a pequena figura que sai de um dos lados da arquibancada. Não, não é pequeno. É um homem de cabelos negros estilo degrade com uma pegada punk vestido numa armadura improvisada de sucata. Físico e tatuagens tiram o fôlego, mas seu rosto reto como uma lâmina a faz arregalar os olhos.

Boggs então anuncia o campeão, contando seu total de 23 vitórias. A água se agita sob os passos da montanha de músculos. É um homem de sobretudo azul-marinho, cujos dreadlocks negros, adornados com fitas douradas, se espalham para todos os lados, e escamas de peixe reluzem coloridas sobre a pele. Uma caneca de cerveja na mão.

⎯⎯  O campeão precisou reabastecer antes de chegar. ⎯⎯  brinca o juiz, fazendo a plateia gargalhar. - Sem mais delongas: TEECH! O CAMPEÃO DE DESTRA!

A plateia ovaciona. Teech vira sua caneca para ver se tem mais. A contagem começa. A ruiva acompanha. O desafiante gato estica os braços e um par de correntes cai das mangas da armadura, que começa a girar em círculos mortais.

⎯⎯  LUUUTEEEM! ⎯⎯  brada Boggs ao final da contagem.

As correntes do novato tilintam quando dispara. Aproxima-se de Teech sobre a ponte de madeira enquanto o grandalhão nem sai da água, distraído com o complicado funcionamento de um copo. Os círculos mortais que as correntes formam parecem discos de serra.

"Ele vai fazer isso?" A ruiva tem de admitir que está torcendo um pouco pelo novato. "Ah, ele vai fazer...".

O desafiante usa um pilar de pedra para saltar dois metros acima do chão. Contorce seu corpo e lança ambas as correntes num poderoso ataque de chicote, as pontas mirando a cabeça do campeão. Está para acertar quando...

Acertam mesmo! O estrondo é como um corpo caindo de um lugar muito alto na água. Quando pousa de volta na ponte de madeira, o lutador olha para Teech, olhos arregalados. A montanha nem se mexeu. Os restos das correntes afundam na água. O novato olha incrédulo para as armas destroçadas que empunha.

Com um suspiro de decepção, a ruiva cobre os olhos. É quando Teech faz um único movimento com o punho esquerdo. O som que se segue é de um grito masculino e um baque. Então, a entediada comemoração da plateia quando a vitória de Teech é anunciada pela vigésima quarta vez.

¤♡¤

Com um algodão doce, a ruiva volta desanimada pela beirada da praia. O garotinho dos jornais grita sobre as novas do fim do conflito contra os anjos e o escândalo dos híbridos. Ele estreita os olhos para ela, que lhe atira um doce. "Você não me viu aqui", é o que o objeto diz. Depois que ele vira o rosto, a mulher se olha no espelho ao lado da barraca. Veste um longo vestido básico, puído e marrom, e braceletes que seguem até o punho. A única coisa pela qual se repreende é ter deixado a mostra a mecha de seu cabelo vermelho escuro, cujas pontas claras certamente poderiam ter atraído a atenção daqueles que a conhecem.

As ondas são calmas e claras. Todo aquele trabalho de conseguir um ingresso, escapar da oficina e atravessar a cidade para ver uma luta de segundos?

⎯⎯  Pelo Deus Sumido, a oficina! ⎯⎯  Começa a correr, quando seu pulso é agarrado.

⎯⎯  Scarlet! O que tá fazendo aqui? ⎯⎯  Os tortos olhos de um homem vestido com um poncho vermelho encontram os dela. ⎯⎯  Não devia estar na oficina?

⎯⎯  Oooi, Julio! Como tá? Eu... fui enviada pra... buscar... algodão doce...?

⎯⎯  Já ouvi melhores. Vamos. Vai se explicar pro carmesim Stewen quando chegarmos ao orfanato.

⎯⎯  C- calma! Me solta!

⎯⎯  O que ela quis dizer ⎯⎯  surge de repente uma voz jovial atrás deles. Scarlet enrubesce ao ver quem é. ⎯⎯  é que ela foi buscar algodão doce pra mim.

O carmesim levanta uma sobrancelha cinza.

⎯⎯  Noah Yasha. Contratei os serviços da srta. Myr pra me fazer uma armadura. ⎯⎯  O lutador faz uma cara feia para a mão do velho até ele soltar o braço da mulher.

Medo e repulsa se misturam na expressão de Julio. Não sabe se cospe na cara do homem ou se se esconde de sua profissão.

⎯⎯  Desculpa ⎯⎯  retruca. ⎯⎯ , não fazemos serviços pra lutadores. Scarlet devia saber...

⎯⎯  Se achar melhor, converso com seu superior. Carmesim Stewen, não é? ⎯⎯  Noah insiste.

Julio hesita. Então se vira e manda a ruiva voltar até o meio-dia.

⎯⎯  Adoro os carmesim. ⎯⎯  Noah fala, observando o homem se distanciar de volta à cidade.

⎯⎯  Não é pessoal. ⎯⎯  Scarlet se irrita com o bracelete, folgado pelo aperto de Julio. ⎯⎯  Eles só não gostam de tudo o que vocês representam.

⎯⎯  Ah, que bom. Ei, vai arrancar a mão.

A ruiva se afasta instintivamente com a repentina aproximação do homem. Ele para, a olha por uns segundos com aquelas íris castanho-claro, e então estica as mãos devagar, tocando o bracelete e apertando o nó. Sorri, como se dizendo "não há de quê".

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𝙱𝚊𝚝𝚒𝚍𝚊𝚜 𝚍𝚊 𝙼á𝚚𝚞𝚒𝚗𝚊 𝙴𝚜𝚌𝚊𝚛𝚕𝚊𝚝𝚎Onde histórias criam vida. Descubra agora