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╰────884 palavras

Noah toca seu braço antes que passe pela porta dupla. Ela puxa com violência como se ele a estivesse segurando.

⎯⎯ Pelas Doze Tribos, me explica o que tá acontecendo! ⎯⎯ Vocifera Noah. ⎯⎯ Olha, foi mal se sou meio lerdo, mas não leio mentes!

⎯⎯ Não se sente nem um pouquinho mal? Por que, sabe, eu me sentiria mal de mentir pra alguém assim. ⎯⎯ As palavras da ruiva saem em torrente.

⎯⎯ O quê... do que tá falan...?

⎯⎯ Tá planejando ir embora. Com ela. Vi vocês nas docas. Mas, quer saber, eu é quem sou a lerda. Você mesmo disse que queria ser livre. Só... achei que poderia ser... comigo.

⎯⎯ Scarlet, eu quero ser livre com você!

⎯⎯ Para de mentir...

⎯⎯ Não tô mentindo, meu amor!

O lutador segura ambas as mãos dela e deposita um par de fichas metálicas. A Permissão para Tripular é uma espécie de ingresso dado pelo capitão para que clandestinos usem o navio em questão como meio de transporte por um tempo. A data em ambas é daquele mesmo dia.

⎯⎯ Estava, sim, planejando ir embora depois da luta. ⎯⎯ explica Noah. ⎯⎯ Ir embora e nunca mais te trazer problemas. Mas não previ que... não conseguiria te deixar. Não conseguiria passar um dia sem estar ao seu lado. Então pedi a Esmeralda que esperasse por nós dois. Partiríamos assim que pagasse Lucius. Pra Dedos, pra Cardio, até pros malditos Neftali, desde que eu esteja com você.

⎯⎯ Você não me avisou...

⎯⎯ Abre seu I-Discle.

Ela o faz. Assim que desbloqueia o contato de Noah, mais de quinze mensagens fazem barulho. Sua boca seca. O pedido de desculpas fica preso na garganta. Ele está dizendo a verdade. Afunda o rosto no moletom dele para esconder o rio sobre o qual acabou de perder o controle. Teme profundamente ser recusada, mas os braços do lutador não demoram para envolvê-la.

⎯⎯ Tudo bem. ⎯⎯ Noah responde ao sussurrado "me perdoa". ⎯⎯ Só... não sabia o que teria feito se você entrasse lá e eu não estivesse por perto. Sabe, aquele cara até enfia água no rabo pra lutar melhor.

As lágrimas de Scarlet ainda caem, mesmo ela rindo. Não entende o porquê até perceber que não são de tristeza, mas sim de alívio.

⎯⎯ Como ficou? ⎯⎯ Noah indaga, se dirigindo ao carrinho.

⎯⎯ Falta ver se funciona. ⎯⎯ Scarlet enxuga o rosto com uma mão e levanta o tecido opaco com a outra.

⎯⎯ É... vermelha!

⎯⎯ É. Acertou no nome.

⎯⎯ Batizei em homenagem a você, na verdade.

O soar da vitória de Teech alerta o casal de que a hora está mais próxima.

⎯⎯ Tá pronta pra jogar, Scarlet?

⎯⎯ Não, Noah.

⎯⎯ Então vamos dar o nosso melhor.

A ruiva o encara. Com seus corpos colados, sente as correntes embaixo do moletom. Está pronto para lutar por ela caso as coisas fiquem perigosas demais.

É quando percebe que o ama.

A segunda luta não se discorre por muito tempo. Nas mesmas vestes da última luta (literalmente), Teech cambaleia de lá para cá. Se vê totalmente bêbado, cantando algo sobre alguém que se foi há muito tempo. Se recusa a sair da arena para a próxima rodada, alegando que não precisa ir dormir e que a mãe o deixe em paz.

Boggs dá de ombros e faz uma piadinha fingindo ser mesmo a mãe dele. Então anuncia o desafiante seguinte, carregando a voz ao pronunciar o novo nome do não mais novato: Morte Escarlate!

A atenção da plateia, tão grande e animada quanto na última luta, se volta para a entrada oposta a Teech. Não há vaias dessa vez. Há silêncio. Os passos pesados causam uma verdadeira comoção e talvez até medo. Uma mãe abraça sua filha quando, de trás da arquibancada, uma criatura crocodiliana surge. Anda sobre duas curtas e robustas pernas, a cauda serpenteando. Seu corpo é feito de metal vermelho, claro e escuro. Os braços longos terminam em garras poderosas de quatro dedos em cruz. Quatro fileiras de espinhos coníferos se estendem tanto pela frente quanto por trás, um par nas costas e um par no tórax. Anda curvado, como um meio-humano e meio-crocodilo, mas no lugar onde estaria sua cabeça se vê um o grande visor redondo reflexivo, garantindo a quem pilota visão panorâmica.

"Por favor, não explode." Scarlet implora mentalmente, no casulo que é o interior de Morte Escarlate.

Teech estreia os olhos para o adversário. Parece prestes a falar algo. Busca algo na cintura, lentamente retirando um cantil metálico.

"Concentre-se, Scarlet!" A ruiva inspira. No reflexo do vidro do visor, enxerga sua mãe encorajando-a. "Esse é seu momento. Não desperdice a chance que conquistou. Por Noah. Por suas famílias. Por si".

A plateia rufa seus próprios tambores e inicia a contagem. O vento externo assobia, alto como o som do coração ansioso da lutadora que um dia foi apenas mecânica. É então que, no segundo exato do anúncio do início da luta, um trovão soa, substituindo a voz do robô juiz.

De repente, a ruiva leva uma cabeçada.

Cambaleia. Teech agarra seu braço e gira em torno de si mesmo, enviando a oponente para o outro lado da arena, um pouso estrondoso que ergue as águas. Enquanto o campeão se recupera do efeito colateral de ter cabeceado vidro temperado (ele vomita), Morte Escarlate fica em pé de novo e Scarlet tenta não surtar com a rachadura no visor.

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𝙱𝚊𝚝𝚒𝚍𝚊𝚜 𝚍𝚊 𝙼á𝚚𝚞𝚒𝚗𝚊 𝙴𝚜𝚌𝚊𝚛𝚕𝚊𝚝𝚎Onde histórias criam vida. Descubra agora