Não se despeça

Capítulo 9

Raquel ouviu uma batida na porta, enquanto secava a louça.

- Bacana seu irmão mais velho – Daniel comentou, assim que ela abriu.

- Droga – ela pestanejou, e colocou a cabeça para fora. Ninguém na rua.

- Vem – ela acrescentou, e puxou ele pela camisa.

- Ei – ele falou, levando um susto, mas entrou.

Ela fechou a porta e virou para ele, mas antes de dizer qualquer coisa, ele lhe abraçou. Raquel não teve tempo nem de pensar, e correspondeu o abraço, passando os braços pelo pescoço dele. Ele firmou-a pela cintura, com cuidado.

- Sabe – ele sussurrou, ao se afastar - você vale o risco de apanhar.

- O que aconteceu? – Ela questionou.

- Seu irmão falou comigo há alguns dias. Imaginei que ele não tivesse te contado. Acho que ele não aprova nossa... Amizade.

Ela revirou os olhos.

- Me desculpe.

- Tudo bem, eu faria o mesmo pela minha irmã – ele acrescentou, e ela se sentiu mais aliviada. Estava cansada de passar vergonha essa semana.

Mas ainda teria uma tarefa a mais, que lhe estouraria a cota de vergonhas. Respirou fundo.

- Daniel, preciso falar com você. Sabe, você comentou algo sobre me fazer mudar de ideia. Gosto daqui, de verdade, e de você também. Mas aqui não é o meu lugar.

Ele olhou para o lado.

- Entendo, tudo bem. Mas tenho uma pergunta – ele virou para ela, o sorriso sumindo.

Ela assentiu.

- O que tem entre você e o Cristian? - Ele questionou, erguendo uma das sobrancelhas.

Não parecia irritado, mas er ao mais perto disso que ela já tinha visto.

Ela arregalou os olhos.

- Que pergunta é essa?

- Ontem, vim aqui a tarde e você não estava. Voltei a noite, e vi vocês chegando juntos.

Ela bufou.

- E?

- E você disse que não poderia se envolver com esse lugar. Só fiquei me perguntando se mudou de ideia - ele deu de ombros, desviando o olhar.

Ela riu e revirou os olhos, sem conseguir se conter.

- Se eu mudasse de ideia, com certeza não seria por causa dele. Além disso, ele só estava me acompanhando, a pedido da vó dele.

Ele riu, assentindo.

- Tudo bem - ele disse -, melhor eu ir indo, te vejo por aí?

Sem nenhuma promessa de mais tarde, amanhã...

- Claro, mas... - Ela engoliu em seco -, está tudo bem? Quer dizer, entre nós e nossa amizade? - ela questionou.

Ele abriu a porta e olhou para os dois lados.

- Claro. Até mais – ele declarou, e saiu, fechando a porta.

Era isso, estava feito. Raquel lhe tirou as esperanças de que ela poderia mudar de ideia e ainda o magoara mais ainda. Ela encarou a porta por algum tempo, e voltou para a tarefa na cozinha. E daí, se ele não tivesse se importado, seria pior para os dois se ela lhe desse alguma esperança. Mas ao mesmo tempo, ela não deveria ser tão importante.

Ela balançou a cabeça, ele não era esse tipo de cara. Era mais fácil o contrário ser realidade. Pensar nisso a fez se sentir mal. Balançou a cabeça, e se arrumou para encontrar as senhoras.