Capítulo 17

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Ela não sabia onde estava mais, só queria voltar há oito horas e dar um abraço neles, ou só um tchau que não fosse tão distante. Estava sentada naquele banco ao que parecia horas, e ninguém dava uma notícias sobre o estado dos dois. Raquel tinha a cabeça entre as mãos os cotovelos no joelho.

– Filha – seu pai chamou. 

Ela ergueu a cabeça e ele acenou para a porta.

Cristian estava parado, encarando-a com os olhos inchados e um arranhado na testa. Após alguns segundos estática, ela pulou e correu para ele, tomando-o entre o braços sem se importar com o que pensariam, com o que ele mesmo pensaria. Só queria por um segundo ter certeza de que estava tudo bem. 

E contra todos os argumentos... Ele retribuiu o abraço e afundou o rosto em seu cabelo.

– Foi tudo culpa minha, e não me falam como ela está – ele murmurou.

Ela se afastou e olhou para ele, sentindo um nó se formando na garganta.

- Não disseram nada? - Ela perguntou, a voz embargada.

Ele negou com a cabeça.

- Como você está? - Ela perguntou, analisando os arranhões. 

Ele deu de ombros, sem encará-la diretamente. No instante seguinte os rapazes resolveram se aproximar.  César apertou a mão dele, e Fabrício deu um leve abraço. O pai de Raquel deu uma batida no ombro, assim como Valter, que estava lá o tempo todo também.

– Seu pai está a caminho – Valter declarou, mas Cristian não respondeu, apenas assentiu.

Ele estava um caco, e não era para menos. Vê-lo assim, tão vulnerável, causou um mal estar em Raquel! Ele foi até um banco e sentou. Raquel olhou para os outros, eles só encaravam o garoto com pena. Foi até ele, sentou-se ao seu lado e segurou sua mão, tentando juntar os frangalhos do que restou do garoto petulante que ela conhecia. Ele não olhou para ela, mas apertou sua mão com força, e assim ficaram, até que ele quebrou o silêncio.

- Eu não posso... - Mas parou.

- Tente se acalmar, tudo vai  ficar bem, tenho certeza - ela disse.

Ele suspirou, passando a mão livre nos cabelos.

- Então por que não falam nada? - Ele murmurou.

– Pai – um homem estava parado em sua frente. 

O médico saiu e chamou Cristian. Ela observou-o entrando, e sentou-se ereta. Depois, Cristian saiu, e foi em direção aos outros. Pelo semblante dele, ela sabia que algo não estava bem, Mas suas palavras surpreenderam-na.

– Ela acordou, está bem. Bom, com uma luxação, terá que ficar com a perna imobilizada alguns dias, mas o pior passou e podemos ir para casa – ele respirou fundo, e Raquel também.

- Que alívio - ela disse, levando a mão ao peito.

- Filho? - Alguém chamou, ao que os outros se viraram.

O homem que chegou usava uma camisa e gravata.

– Filho – ele repetiu, e abraçou Cristian. 

Fabrício e o pai de Raquel saíram pouco depois, precisavam ir até a oficina. O irmão mais velho ficou. Ela recostou a cabeça nos ombro de César, que a abraçou com um braço, e Raquel observou enquanto os outros dois conversavam há duas fileiras a sua frente. O pai de Cristian se sentou ao lado do filho. Eles não se tocavam, e o homem gesticulava e falava. Cristian fazia o mesmo.

Pareciam irmãos, na verdade, não só pelo porte atlético do senhor, mas pela maneira que se tratavam.

Ele tinha um aspecto horrível, mas parecia querer ser forte. Eleonora estava acordada, mas só receberia alta no outro dia. Raquel concordou em ir com ela para a casa dela, ajudá-la. O pai de Raquel não viu problema, e ela separou algumas mudas de roupas, e aguardou na varanda da frente até ele chegar. Estava no carro de Valter, e mal a cumprimentou, mas ela sequer se importou, diante de toda a situação.

Não se despeçaWhere stories live. Discover now