Não se despeça

Capítulo 11

Há duas quadras da escola, Raquel ouviu a última voz que desejava naquele instante.

- Ei, pra que tanta pressa? - Daniel gritou do outro lado da rua.

Ela não pode deixar de olhar, e ele atravessava a rua. Ela desviou o olhar, se perguntando se seria capaz de lhe deixar um olho roxo.

- Atrasada para a aula? - Ele parou bem a sua frente, e ela o encarou. Com certeza um olho roxo lhe cairia bem, quem sabe um chute no...

- Qual é o problema? - Ele perguntou.

- Já disse que não gosto que mintam para mim - ela disparou.

- O que quer dizer?

- Já te disse isso uma vez, não achou que eu estivesse falando sério?

Ele ficou sério.

- O que Cristian te disse?

- Nada! Assim como você! Mentindo para mim.

Ela recomeçou a sua caminhada, mas ele novamente entrou em sua frente.

- Raquel eu não estou mentindo para você! Mas que droga, estou apaixonado por você! Será que não entende isso?

Ela ficou muda. Como isso tinha acontecido? Ela achou que ele estaria indiferente, principalmente depois do dia em que saiu da casa dela.

- O que... - Ela balançou a cabeça.

Ele jogou as mãos pra cima.

- Será que não percebeu? Eu não sou muito bom em demonstrar o que sinto. Me desculpe. E você é tão... Segura de si, e disse que ia embora. O que queria que eu fizesse?

Ele olhou para baixo, ela nunca o vira tão sem jeito. Daniel se aproximou, pegando o rosto dela entre as mãos.

- Não estou te pedindo nada, está bem?

Ela assentiu, ainda sem saber o que dizer. Mas lembrou-se de tudo o que Augusto lhe contara.

- E quanto à Soraya?

- Me desculpe por isso, eu não sabia como dizer aquilo tudo.

- Não me importo com ela, ou com o que vocês tiveram, mas com a sua atitude. Eu... Tenho que ir, tá?

- Raquel, espera...

- Depois conversamos.

Mas ela já havia partido, e deixou Daniel plantado na rua.

- Raquel! – Seu pai chamou.

Ela chegou até a varanda, e encontrou seu pai e Daniel.

- Seu amigo quer falar com você – ele sorriu, e entrou para dentro, deixando-os na varanda.

- Me desculpe – ele falou novamente.

Ela suspirou.

- Podia ter dito tudo de uma vez – ela resmungou.

- Eu não poderia adivinhar o que ela faria, ou que ia mandar te jogarem água na escola – ele respondeu.

- Como sabe disso? – ela questionou.

- Lola me contou, e falei com a Soraya hoje.

- E ela?

- Vai te deixar em paz – ele respondeu.

- Fácil assim?

- Não, me desculpe - ele suspirou.

- Pare de se desculpar, isso está me irritando – ela cruzou os braços.

- Des... Ai, eu não sei parar de dizer isso - ele riu, e ela acompanhou, mas parou.