Capítulo 13

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- Por que não? - Daniel perguntava, pela centésima vez naquele dia, e eram só dez da manhã.

- Por que não quero mais ir lá - ela suspirou.

- Mas você disse que iria, meus pais vão, até eu quero ir, e olha que deveria ser o contrário.

- Eu mudei de ideia, já disse, depois eu converso com Eleonora – ela falou.

Não queria pensar nisso, mas não queria ver Cristian novamente. Ele já estava todo arrumado, e ela também, mas de última hora, disse ao pai que estava com dor de cabeça. Ele e os irmãos estavam prontos também, e esperavam lá dentro. César não gostou nada de ver Daniel ali, muito menos de deixá-los sozinhos, mas o pai devia ter dito algo, pois ele não aparecia ali fora faziam mais de cinco minutos. Isso deveria ser um recorde.

- Vamos, por favor, não me faça ir sozinho – uma buzina soou na frente, era o pai de Daniel.

A mãe dele usava óculos escuros, e não olhou Raquel. Estranho, ela sempre cumprimentava a garota. Lola, por outro lado, até deu um aceno. Quando Soraya não estava por perto, ela até dizia oi. Afinal, a menina só tinha quatorze anos, não podia cobrar outra postura dela.

César colocou a cabeça para fora.

- É o José? – Ele perguntou.

- Não, são meus pais, vou indo nessa – ele deu um beijo no rosto de Raquel, e saiu.

Ela se sentou no banco, e César ao seu lado. Quando o carro já havia sumido, César começou a falar.

- Sabe que eu amo você, não é? – Ele declarou, o que a pegou de surpresa.

Ele era o mais fechado dos três, e ela mal se lembrava da última vez que ele havia dito que a amava.

- E eu a você – ela respondeu.

Ele passou um braço ao redor da cintura dela.

- Me preocupo com você, por isso vou te dizer isso. Sei que não vai gostar, mas sou seu irmão, não lhe mentiria e nem quero te ver sofrer. Esse Daniel, você mal conhece o cara, e soube que ele vive de rolo com a tal uma tal de Soraya.

- Eu sei, mas eles já se resolveram é coisa do passado. Além disso, você a conhece - ela completou.

- Conheço? - Ele questionou, arregalando os olhos.

- A ruiva daquele dia, na pizzaria.

- Ah, a imbecil - ele comentou.

Ela riu.

- Isso. Como pôde esquecer? Amei o que fez aquele dia.

- Não fui muito gentil, mas de qualquer forma, não sei se é coisa do passado o que tinha entre eles - ele franziu o lábio.

- Como soube? - Ela o encarou.

- Se surpreenderia se eu dissesse tudo o que escuto na oficina – ele deu uma risada.

Ela não gostava da maneira como ele vivia se intrometendo na vida dela, e resolveu que essa era a hora de deixar isso claro.

- César, eu entendo você, obrigada por se preocupar comigo, mas eu tenho dezoito anos, sei me cuidar, sei distinguir o que é certo ou errado. Além disso, ele é somente meu amigo.

- Mas sabe que ele está afim de você, não é?

Ela corou.

- Eu notei - ela resmungou -, mas ele não está apaixonado por ela! - Ela retrucou, com o tom inalterado.

- Já pensou que ele pode estar tentando algo com você para tentar esquecê-la?

Aquilo doeu, não por ser possível, mas por vir do seu irmão.

Não se despeçaWhere stories live. Discover now