Capítulo 12

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Soraya não a importunava mais, mas sempre lhe lançava olhares estranhos depois daquilo. Mas ela não se importava, pois tinha Gaby e Augusto na escola, e em casa também, eles passaram a frequentar a casa uns dos outros o tempo todo. Ela nunca teve amigos assim, que pudesse ficar até uma da manhã jogando conversa fora, e mesmo assim, ainda tivessem o que falar. Ela também tinha a Marlene, que ela resolveu visitar um dia e de repente, não pôde deixar de voltar. Ela enchia Raquel de mimos toda a vez que ela ia, e sempre falava coisas que a fazia pensar.

Raquel tinha o cuidado de evitar a casa dela quando via a camioneta preta parada na rente. Não via Cristian desde o último dia, fazia pouco mais de um mês, mas Marlene sempre a deixava a par dos acontecimentos da fazenda, e ao que parecia, a reforma estava indo às mil maravilhas.

- Está quase no fim, estão terminando de pintar por fora já. Léo não cabe em si de tanta alegria! Disse que vai dar uma festa quando tudo terminar, daqui há uns três dias termina... E que vai chamar todos, especialmente você e sua família – ela declarou.

Marlene sabia que Raquel estava evitando Eleonora por conta de Cristian, e que estava com saudade da senhora, e tentava convencê-la a perdoar o afilhado, mesmo sem elas terem discutido exatamente o porquê da briga.

- Você vai, não é? No fim, sabe que foi você quem a inspirou a levar isso em frente.

Raquel desviou o olhar, sabia disso, mas não podia esquecer das palavras de Cristian ecoando e sua mente, dizendo que ela queria se aproveitar de Eleonora. Ainda não entendia como ele pode chegar a essa conclusão monstruosa. Mesmo após o dia da pizzaria, o clima parecer ter se atenuado, ainda não conseguira apagar o incidente.

- Não sei – ela respondeu, com sinceridade.

Ela suspirou, e lhe abriu um sorriso cansado.

- Sei que o meu afilhado... Não é a pessoa mais gentil do mundo, pobrezinho. Mas não julgue ele como se fosse um monstro, ele só não sabe lidar com as pessoas.

- É, já disseram isso – ela respondeu, e Marlene franziu o cenho.

- Acho que vou indo – Raquel declarou, querendo fugir do assunto.

Marlene já estava habituada as evasivas dela, e apenas acenou positivamente. As luzes estavam acendendo, e Raquel viu o pai de Daniel logo a frente, saindo de uma casa de madeira do lado da escola.

- Olá seu...

O homem deu um pulo e virou para trás. Pareceu assustado por um instante, e se recompôs com uma rapidez surpreendente, deixando Raquel sem graça.

- Ah, olá Raquel. O que faz aqui? – Ela quase respondeu que iria perguntar o mesmo, ele já não deveria estar em casa?

Mas engoliu a resposta e sorriu.

- Vim ver a Marlene, já estou indo para casa.

- Ah, claro, até mais, se cuide – ele disse, e saiu rápido.

Ela o observou se afastar.

- Eu hein – resmungou para si mesma.

Quando dobrou a esquina de sua casa, viu que alguém saindo do quintal da casa dela, e sorriu ao constatar quem era.

Eleonora a viu, e sorriu em resposta, atravessando a rua.

- Quanto tempo! – Ela falou, abraçando Raquel.

Ela retribuiu o abraço, notando que sentira mais falta dela do que havia imaginado. Elas foram para a casa de Raquel se sentaram na varanda.

- Quero que venha na minha festa, depois de amanhã, de inauguração.

Não se despeçaWhere stories live. Discover now