Inconscientemente, ela retorna ao dia em que seu corpo interrompeu o funcionamento ao se deparar com aquela cena. A arte exposta nas treze salas daquele museu em nada se comparavam com a imagem que seus olhos absorviam naquele momento.
Seus ouvidos não captaram a voz aveludada entoando seu nome com insistência. Fisicamente, encontrava-se ali, mas mentalmente, estava perdida no perfil de alguém cujo rosto lhe estava oculto. Em sua cabeça esboçava a silhueta de um desconhecido sobre uma tela há muito em branco.
O cabelo possuía um tom escuro, distanciando-se - mesmo que por pouco - da coloração natural de seus fios. Os olhos não eram azuis ou verdes, muito menos âmbares, eles carregavam o castanho incompreendido e indesejado. Trajava um conjunto moletom preto, uma touca de cor semelhante e um par de tênis que em nada destoava com a cor que ele adotara para acompanhá-lo naquele dia. Apesar da postura descontraída, sua mente estava caótica de uma maneira que não se podia ignorar.
Quem era ele? Perguntou a si mesma. Não houve resposta. A unha do polegar esquerdo pressionou seu lábio inferior com força, provando que ela estava totalmente à mercê da distração à sua frente. Uma mão lhe apertou o ombro com força e chacoalhou seu corpo na esperança de obter sua atenção.
Um toque, um piscar de olhos e de volta à realidade.
- Morgana? - a voz feminina finalmente penetrou a redoma.
- Sim? - a jovem devolveu, ainda absorta no que acabara de presenciar.
- Encontrou o que procurava?
A pergunta soou como uma futilidade para Morgana. De alguma maneira, o motivo que a levara até aquele local havia sido entregue ao esquecimento. E a resposta à pergunta que lhe foi feita nunca veio.
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azul petróleo
Şiirtecendo incoerências como se fosse arte © 2024 por Tori Cavalcanti. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. Capa: @toriasavessas