She

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"Ela vive nos meus devaneios,

Ela é a primeira que eu vejo,

E eu não sei o motivo."

Amor

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Amor. Que ridículo.

Já foram três fileiras de cocaína, somente essa manhã.

Entre tudo o que ela poderia ter me dito, essa foi a palavra escolhida.

Ela me ama, mesmo quando eu detesto cada aspecto que me habita.

Eu subestimei a dor e fui tolo em pensar que a expectativa tornaria a partida dela menos insuportável, nada me preparou para o cheiro do meu perfume predileto perdido entre esses malditos lençóis brancos, me insultando todas as vezes em que inspiro oxigênio, inconformado com a saudade.

Os lábios vermelhos somados à postura ingênua dentro da roupa sensual que ela usava, me recordaram do dia em que tudo começou.

É capaz que ela tenha aniquilado o meu coração no segundo em que esbarrou no meu peito manchando a minha camiseta, naquele instante, automaticamente se iniciou uma contagem regressiva para que eu vivesse o melhor período da minha vida, com o mundo ditando o limite de até onde poderíamos ir.

A toxicidade presente dentro daqueles olhos azuis, é hipnótica. O efeito Violetta derruba as minhas máscaras usando um sorriso cândido, me deixando despido.

Achei que confessar os meus sentimentos em um quarto de hotel seria o auge de uma demonstração de fragilidade, porém ontem, ela conseguiu provocar a essência da minha vulnerabilidade.

Ninguém nunca me disse essa palavra antes, a revolta me fez ficar a noite inteiro acordado, mesmo após voltar tarde daquele evento de caridade, onde eu gastei uma fortuna em obras de arte. A Violetta não estava presente no local onde foram realizados os lances, ela evitou a minha presença, com sucesso.

Os monólogos sobre amor que interpretei em peças e as idealizações amorosas que viraram música, não me prepararam para a experiência. Nem mesmo as declarações que algumas pessoas gritam para mim durante um show. Foi extraordinário e devastador, na mesma medida.

Tudo o que se passava na minha cabeça era pedir para que ela repetisse, de novo e de novo, contudo, não sei se teria forças para escutar e vê-la partir, levando consigo algo tão importante para mim.

A ironia está no fato de que enfim, fui amado por quem eu mais queria, para logo depois, ser novamente, negado de amor.

Era óbvio que a Violetta ditaria o caminho até o meu colapso e valeu a pena cada minuto, por isso, mesmo que a mulher da minha vida tenha ido para o lado oposto, continuarei esperando convicto que, nada e nem ninguém, será capaz de tomar um lugar que sempre permanecerá a ela.

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