Capítulo V - Supremacia

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Art by Chey Bunnie

4148 palavras

Império de Indifell

Em um império próspero, onde seu próprio deus era o governante, a vida ali era pacífica, protegida de todos os males pelo deus da justiça. Suas criações o serviam com grande devoção e respeito, e o império, que antes não passava de pequenas terras, ganhou grandes proporções territoriais, e prometia ser o mais imbatível contra qualquer outro.

No entanto, os deuses foram dotados de sentimentos, e ganância tomou conta do deus Indifell, que não se contentou em apenas nas adorações de seu povo, queria ir além, desejava que os quatro cantos do mundo se curvassem aos seus pés.

Indifell traçou planos, reuniu aliados e se fortaleceu. Quanto mais poder obtinha, mais cego se tornava, ao ponto de escravizar os demônios, sua própria criação.

Os indifilenos eram levados às guerras constantemente, lutando arduamente pela conquista de novas terras. A ganância de Indifell chegou tão longe que até mesmo garotos e garotas, assim que atingiam a puberdade eram mandados para guerra, afinal, a conquista era mais importante que preservar seu próprio povo.

O outrora império próspero de Indifell começou a desmoronar. Muitos dos soldados morreram em meio às guerras intermináveis, os demônios estavam prestes a serem extintos por capricho de um deus. Foi então que dois de seus melhores soldados, Genovah e Denoque, decidiram agir contra o seu próprio deus, em troca da liberdade.

A guerra foi árdua e dolorosa. Por anos Genovah e Denoque lideraram a batalha contra o deus, mesmo com opositores de seus ideais e com aliados poderosos de Indifell. Mas em um determinado momento ela chegou ao seu fim com a derrota de Indifell. Estavam libertos, exceto pela maldição proferida pelo deus da justiça.

"Vocês acreditam que podem existir sem um deus para protegê-los e governá-los? Sem mim, vocês não são nada. A terra que vocês tanto prezam será consumida por chamas eternas, e o solo que antes os alimentava se tornará estéril e morto. Homens e mulheres perderão a capacidade de gerar vida, e suas crianças se transformarão em sombras do que poderiam ser. O gado apodrecerá em seus campos, suas carnes se tornaram veneno. As águas, que uma vez foram puras e doces, se transformarão em amargura corrosiva, como o desejo de vingança que arde em meu peito. Vocês irão clamar pela morte, desejarão o alívio do fim, mas ela se tornará sua pior inimiga, recusando-se a libertá-los do tormento eterno que eu lhes imponho."

Essas foram as últimas palavras de Indifell antes de desaparecer, deixando o império à mercê da maldição.

Com o passar dos anos, o império de Indifell foi, contra toda a expectativa, tornando-se uma terra fértil e próspera. Mas nem tudo eram flores, Genovah e Denoque, que foram nomeados como semideuses pelos próprios indifilenos, chegaram a velhice e a morte logo batia a porta. Eles precisavam nomear um sucessor, então passaram a dedicar o restante de suas vidas em busca de um governador digno, pois temiam entregar o império na mão de um tirano e repetir mais uma vez a cruel história de seu passado.

Após a cuidadosa procura entre soldados, guerreiros e sacerdotes, finalmente fizeram uma escolha. O marechal de Indifell, Zomungard, foi escolhido como o próximo imperador. Um homem honrado, disposto a sacrificar sua própria vida pela paz de seu povo, Zomungard agora carregava o peso de um império que, embora próspero, ainda vivia à sombra da terrível maldição de Indifell.

Zomungard se tratava apenas de uma criança órfã, resgatado por uma família de origem humilde, que tomou a responsabilidade de cuidar do garotinho como se pertencesse à família. Zomungard cresceu se tornando grato àquelas pessoas, e prometeu honrar o nome a qual passou a pertencer.

Ascensão ImperialOnde histórias criam vida. Descubra agora