Capítulo XII - Progênie

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Art by Leo Dalecio

4077 palavras

Tahagul

Correr sem rumo era sem dúvidas uma péssima decisão, entretanto, era a única escolha para Ilana, ela estava perdida em uma terra muito distante do seu lugar de origem, em meio a um povo que mal conhecia os costumes, por sorte, entendia o que eles falavam por possuírem o mesmo idioma. Só precisava de algumas informações, um mapa e um navio que a levasse de volta para Montuália.

Mas como faria aquilo sem uma moeda no bolso? Nem ao menos estava vestida, apenas possuía um cordão com seu anel de noivado no pescoço. Estava faminta, não fazia a mínima ideia de quando foi sua última refeição.

Deveria ter caçado algo antes de sair da floresta.

Vagar pela cidade como um lobisomem também não era uma boa opção, já que alguém poderia tentar abatê-la por engano. Andar nua também chamaria atenção, então, Ilana resolveu aproximar-se de uma das casas da redondeza à procura de roupas que tivessem a toa no varal para se vestir. Não encontrou nada confortável para se vestir, apenas um vestido com um corset apertadíssimo que mal lhe permitia respirar, e uns calçados improvisados que quase caíam de seus pés.

A noite foi estranhamente tranquila para alguém em sua situação. Com o sol nascendo, Ilana não tinha tempo a perder, daria um jeito de conseguir dinheiro para dar adeus a Tahagul.

Caminhando por entre as vielas da cidade, encontrou uma feira bem movimentada, semelhante às que Andras a levava, com barracas de alimentos, roupas e bugigangas, e também, compra de objetos.

Ilana se aproximou da barraca de um comprador, observando ele comprar alguns objetos de um rapaz, entregando algumas moedas para ele e finalizando o negócio.

Sem nada o que oferecer, Ilana cogitou tentar vender a aliança de noivado, infelizmente teria que se desfazer do único objeto que a ligava a Filippo, mas aquele sacrifício deveria ser feito para ela garantir seu retorno para casa.

— Hum... Olá? — timidamente, Ilana chamou a atenção do comprador para si.

— Bom dia, senhorita! Deseja algo ou vender algo? — De forma alegre, o homem recepcionou a jovem.

— Queria saber quanto o senhor paga por isso? — perguntou, segurando o cordão com a aliança.

— Deixe-me ver... — Ele observou minuciosamente o objeto, avaliando o quanto pagaria por ela.

— Juro que é feito de ouro e prata, a flor de lótus é feita de esmeralda, apesar de pequena, vale muito — Ilana tentou dar uma valorizada na aliança.

— Pago 15 mil manaquis por elas — o comprador propôs sem pestanejar.

Ilana franziu o cenho, não fazia a mínima ideia do quanto aquilo valia, estava descrente que as moedas entre Montuália e Tahagul eram diferentes, se arrependeu de não ter perguntado a Andras sobre aquilo.

— Sinto muito, mas não irei fechar negócio — ela recuperou a aliança, preferindo não arriscar a não se desfazer do item.

— Poxa, foi o maior valor que já ofereci por algo. Tem certeza?

Ilana voltou a olhar para a aliança, sentindo-se tentada a vender para o homem.

— Tenho. Não é um simples objeto, possui um valor sentimental também — tentou explicar, misturando verdade com uma desculpa para evitar a proposta.

O homem aceitou a recusa sem insistir, e Ilana, antes de partir, aproveitou para fazer uma última pergunta.

— Onde exatamente estamos?

Ascensão ImperialOnde histórias criam vida. Descubra agora