Capítulo IX - Gênese

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2899 palavras

Tamar, província de Tahagul

O tempo passava cada vez mais devagar à medida que os músculos do corpo de Ilana começavam a doer, estava enfurecida com Andras, por ter lhe deixado sozinha, nem ao menos havia a deixado em um local mais confortável.

Em nenhum momento de sua vida imaginou estar tão vulnerável e dependente, desde muito nova aprendeu a se virar sozinha, toda aquela situação era deveras humilhante para ela.

Sabia que não poderia viver para sempre daquela forma. E com um desejo engrandecedor de poder andar, Ilana apoiou suas palmas sob a madeira da mesa e se levantou, pé ante pé, ela se moveu, tentando sair do lugar, as plantas de seus pés começaram a doer, mas não deixaria aquele empecilho ser maior do que seu objetivo, logo mais, a jovem havia alcançado a poltrona da sala de estar, onde dividia espaço com a sala de jantar. Um sorriso surgiu em sua face, era uma grande conquista para quem mal conseguia ficar em pé. Gostaria que Andras estivesse ali para vê-la, certeza que estaria feliz e comemorando junto a ela.

Ilana olhou ao redor, decidiu se arriscar mais um pouco,iria tentar com os de mais objetos da sala, voltou para a mesa de jantar, andou até a porta e foi assim durante um bom tempo.

Quando se sentiu confiante, decidiu explorar outros cômodos da casa, atravessou o corredor e foi de encontro a porta mais próxima, girou a maçaneta e adentrou o cômodo.

Deduziu que aquele quarto pertencesse a Téça, isso, devido aos diversos vestidos espalhados. O quarto estava uma zona, quinquilharias empilhadas uma em cima da outra, pareciam estar ali a um bom tempo, devido a fina camada de pó que se formava em cima dos objetos.

Como poderiam ser o completo oposto um do outro? Andras era tão organizado, já Téça, uma tremenda bagunceira. Se o feiticeiro visse a situação daquele quarto, teria um colapso.

Ilana retirou um quadro de trás do guarda-roupa, era um quadro muito bem trabalhado, a moldura com entalhes em espirais, a pintura muito bem feita, era um garoto de pele bem clara, quase pálida e cabelos negros, deveria ser Andras quando era menor, sendo segurado nos braços de Téça, de aparência mais jovem. Ao lado dos dois estava um homem, alto, de pele clara, com a cabeça raspada e tatuagens na região do pescoço. Ciente de que os quadros eram muito caros para serem pintados. As pessoas só os faziam quando alguém da família viesse a falecer, tirando essa conclusão, Ilana sabia que aquele homem poderia estar morto.

Ela deixou o quadro onde estava, e foi explorar o ambiente, remexeu em algumas velharias acumuladas por Téça. Eram objetos interessantes, mas sem utilidade alguma.

"Por que ela guarda tantas coisas?" Ilana pensou.

Em meio a bagunça, Ilana encontrou um livro de capa preta, com um fecho e cantoneiras prateadas, deveria ser um diário, e mesmo tentando conter a curiosidade, Ilana pegou o livro, saber o que tinha lá dentro era mais importante. Ela o abriu cuidadosamente, folheando páginas preenchidas com uma letra pouco legível, a impossibilitando de saber o que estava escrito. Decepcionada, a jovem devolveu o diário para seu local de origem, despretensiosamente, ela encostou a ponta do seu dedo mínimo no adereço do diário, o sentindo arder, sua unha sendo substituída por uma garra, sumindo segundos depois após o susto.

Um riso de satisfação se expressou em seu rosto, fazia tanto tempo que ela não se transformava que já estava sem saber qual era a sensação.

Ilana tentou transformar suas unhas em garras, executando com êxito. Téça não era tão poderosa quanto aparentava ser, sua magia não iria impedi-la de usar suas habilidades. Só precisava de mais um tempo para se recuperar cem por cento e dar um jeito de fugir.

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