Art by Marcela Bolívar
4021 palavrasTamar, província de Tahagul
Ilana não sabia quanto tempo havia passado desde que acordara; já tinha contado quantos degraus havia na escada acima de sua cama, nomeado cada planta presente no cômodo e tentado adivinhar as diferentes formas das vasilhas que preenchiam os armários. Talvez, se estivesse andando, não teria se entediado tão facilmente.
Cogitou até mesmo chamar pelo nome do homem tagarela, para que ele ao menos aliviasse sua mente dos pensamentos do passado. Mas não foi preciso. Logo, Andras desceu as escadas com uma cesta de palha em mãos.
Ilana tentou ver o que tinha dentro, mas sua curiosidade passou assim que ele lhe disse o que era.
— Trouxe comida pra você. Aqui temos um guisado de peixe, suco de maçã e algumas peras — Andras disse, enquanto tirava a comida da cesta. O aroma do guisado tomou conta do ambiente, fazendo a barriga de Ilana roncar.
— Quero somente as peras. — Contendo a vontade de se deliciar com tudo o que Andras trouxera, Ilana negou o restante da comida. Precisava ser cuidadosa, afinal, não sabia se o alimento poderia estar envenenado ou não. Com as frutas, a probabilidade diminuiria.
Andras lhe entregou as peras, observando Ilana comer como um animal faminto, e, em questão de segundos, acabar com todas as frutas.
— Se mudar de ideia e quiser comer o guisado, vou deixá-lo aqui. — Andras pegou uma das banquetas próximas do balcão, deixando o objeto ao lado da cama em que Ilana estava. — Aconselho você a comê-lo ainda quente, frio não fica tão saboroso.
Ilana olhou algumas vezes para o guisado e depois para Andras, ele estava sendo muito gentil com ela. "O que, afinal ele queria?", pensou.
— Acho... — Ilana deu uma pigarreada antes de falar. — Acho que vou querer tomar um pouco daquele remédio.
A dor estava insuportável demais para que a garota pudesse suportá-la por mais tempo, então deu o braço a torcer.
Andras sorriu, e Ilana jurou para si mesma que não se deixaria ser enganada por aquele conjunto de dentes bem enfileirados, acompanhando das duas covinhas que se formavam em suas bochechas.
— Vou preparar outro, aquele eu joguei fora.
Andras caminhou para trás do balcão, onde pôs a água para ferver e misturou novamente os ingredientes. Em poucos minutos, o remédio já estava pronto.
— É bom beber de uma vez por conta do sabor. O remédio causa um pouco de sonolência, mas nada que vá te apagar.
Ilana cheirou o líquido na tigela. Tinha um cheiro adocicado, e talvez o gosto fosse semelhante, porém decidiu não se arriscar. Bebeu tudo de uma vez e sentiu o amargor instantaneamente, o que resultou em uma careta.
— Isso é horrível! — A garota passou as costas de sua mão na língua para retirar o excesso do medicamento.
— Não reclame, é o que tem pra hoje — Andras gargalhou com a reação de Ilana. — Não sou um feiticeiro curandeiro, então é o máximo que consigo te ajudar.
— Se não é um feiticeiro curandeiro, então o que é?
— Sou um feiticeiro elemental — ele respondeu. Ilana franziu o cenho, não sabia muita coisa sobre os feiticeiros. O único que ela havia conhecido era Olozor, o curandeiro. — Eu posso controlar tudo aquilo que é proveniente da natureza, as águas, a terra, o fogo. Consigo controlar o crescimento das plantas, mudar o clima... E por aí vai.
A feição de Ilana se iluminou. Fazia muito tempo que não ficava instigada com algo.
Percebendo que o humor dela havia mudado, Andras deu uma breve demonstração de sua capacidade. Ele olhou para um dos vasos de plantas, onde uma muda de moréia estava quase morrendo, ergueu uma de suas mãos e movimentou a ponta de seus dedos. O gesto fez a planta acelerar o seu crescimento, transformando-se em uma bela flor.
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Ascensão Imperial
FantasySete deuses foram criados por um deus supremo, cada qual recebeu um império para governar e criou um ser para viver em paz e harmonia em seus respectivos mundos, porém, o poder lhes subiu à mente. Os deuses desejavam além do que já possuíam. Uma gue...