Capítulo XI - Progênie

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 3189 palavras

 Tamar, província de Tahagul

O sol reluzia contra a lâmina da faca, que dançava em combate nas mãos de Ilana. A garota lobo desferia golpes precisos contra o vento, imaginando um alvo bem ali na sua frente. Estava canalizando sua raiva, jogando-a para fora, e para evitar perder sua destreza e agilidade, uniu o útil ao agradável e decidiu treinar do lado de fora da casa dos feiticeiros utilizando uma faca de cozinha.

Sua expressão estava neutra, completamente imersa no momento, o foco nos ensinamentos de seu pai. Como pouco antes de Yaco ir com sua família para Vallos, ele era um dos guardas da realeza e sabia muito de combate corpo a corpo, passando os seus ensinamentos para Ilana.

E Ilana os guardou com muito esmero, treinando incansavelmente noite após noite, transformando qualquer arma como uma extensão de seu corpo.

Ela não estava simplesmente treinando, estava dançando com o perigo, flertando com o fio da lâmina. Aquele momento a fazia lembrar as primeiras vezes que empunhou uma espada, do medo que sentiu ao ver aquele objeto intimidador e afiado e de quando precisaria usá-lo, aquele medo se esvaiu com o tempo, conforme ela utilizava a espada ou qualquer outra arma.

A cena era uma mistura de beleza e intensidade, uma demonstração de força e graça. Ela terminou sua sequência com um movimento fluido, abaixando a faca e levantando o olhar para o céu. Por um momento, tudo permanecia tranquilo e Ilana encontrava-se em paz.

— Você acha isso incrível? — Katalin perguntou com desdém, assim que flagrou Ilana treinando.

— Está aqui há quanto tempo? — Ilana relaxou os músculos de seu corpo, tomando uma postura neutra.

— O suficiente para ver você balançando essa faca de um lado para o outro como uma boba. — Katalin ridicularizou enquanto imitava os movimentos de Ilana.

— Deveria tentar também, quem sabe assim tira um pouco desse seu estresse.

— Não gosto de armas. — Katalin declarou. — Vocês são uns carniceiros, gostam de ver sangue jorrando para todo lado, cabeças decepadas, membros espalhados por todo o chão... — A feiticeira olhou para baixo com uma expressão de nojo, como se estivesse vendo toda a cena citada em sua frente. — A magia não é tão grotesca, até mesmo a usando como uma arma ela não chega a ser tão visceral.

— Legal — Ilana falou sem emoção. O que Katalin pensasse ou deixasse de pensar não faria diferença.

— Você nunca saberia qual é essa sensação, nunca teria a honra de ter a magia correndo em suas veias — disse orgulhosa.

— E quem disse que eu quero? — Ilana mal conseguia esconder sua irritação, estava no seu mundinho até a feiticeira chegar e lhe tirar a paz.

— Típicos das criações de Montuália, tão medíocres, rodeados de tanta prata e ouro, com a mente tão minúscula do uso para tal, não é à toa que estão perdendo suas terras pouco a pouco.

— Por que insiste em implicar comigo, ratazana albina?

— O que disse? — Katalin se indignou com a fala de Ilana.

A garota lobo deu uma bufada antes de continuar.

— Perguntei o motivo de você me tratar com desdém desde a minha chegada, senhorita Katalin.

— Minha família estava em paz antes de você aparecer. — A loira disse sem rodeios. — A saúde de Téça anda me preocupando. Estaria tudo bem se você não fosse uma ladrazinha de merda e não mexesse no que estava quieto.

Ascensão ImperialOnde histórias criam vida. Descubra agora