5448 palavras
Que os deuses não possuíam um passado digno de orgulho, isso era um fato.
Muitas das histórias das quais eu já havia escutado quando pequena eram simplesmente floreadas, exaltando os deuses como seres misericordiosos e bondosos.
Entretanto, não estou aqui para omitir seus feitos, nem os bons e muito menos os ruins, apenas quero contar a história mais pura e cruel sobre os deuses.
No princípio, não havia nada, apenas uma imensidão de trevas espessas e densas, onde nenhum foco de luz era capaz de penetrá-la.
Tudo era tão vazio, sem vida...
Esse vazio perdurou durante milhares de anos, até que um fio de esperança, algo naquele imenso vazio irrompeu. Duas esferas com uma chama tão forte e poderosa surgiram, e suas chamas eram mais que o suficiente para dissipar todas as trevas presentes naquele imenso vazio. Uma delas conhecida como paz, ordem e justiça; a outra, como o caos, balbúrdia e parcialidade.
A cada século essas esferas dobravam de tamanho, crescendo de uma forma inimaginável. Ninguém sabia ao certo a distância de uma para a outra, mas o encontro entre elas causou uma colisão, estrondosa e destrutiva.
Ali se tornou o marco inicial para a nossa existência.
Dos destroços que restaram das esferas, surgiu um ser celestial, responsável por toda criação de nosso mundo.
Ao ter plena consciência de sua existência, o celestial sorriu, e lágrimas escorreram de seus olhos. Essas lágrimas eram algo tão puro, tão divino que criou os Anhumas, seres muito poderosos, criados no intuito de servir ao celestial.
Sentindo-se agraciados pela sua existência, os Anhumas prepararam uma grande celebração, onde dançaram e cantaram alegremente para o celestial. Contentes, as criaturas queriam dar um nome ao seu criador, e assim eles o batizaram como Amnestranaf.
Possuidor de toda sabedoria e onipotência do universo, Amnestranaf era capaz de ver as inúmeras possibilidades de mundos que poderia criar através de um único suspiro seu. Aquilo o fascinava, entretanto, a crueldade e a ganância de suas criações lhe causavam desaprovação. Não importava os diferentes começos, tudo terminava em guerra e morte.
Amnestrenaf era um ser poderoso, criado a partir da colisão entre duas esferas, conhecidas posteriormente como mundos, somente ele poderia criar, somente ele poderia destruir, e assim ele fez, destruiu a si próprio, para que nada mais além existisse após ele, originando o evento nomeado como "o suicídio de um deus"...
— Como assim?! Como um ser muito poderoso foi capaz de tirar a própria vida? — A criança se encontrava com os olhos arregalados, tentando assimilar a história que acabara de ouvir.
Ilana se manteve calada, um pequeno sorriso se formou em sua face ao se lembrar de que fazia as mesmas perguntas que Airam quando era mais nova.
— Tem certas coisas que eu também não entendo. — A jovem passou a mão nos cabelos negros da criança, ajeitando os fios para ficarem arrumados.
— E você me conta assim, sem ter nenhuma explicação? Está muito mal contada essa história — Airam se levantou do tronco de árvore, ainda mais inquieto que antes.
— Poderia perguntar para o professor, quem sabe ele tenha uma explicação melhor — Ilana pegou um graveto a sua frente jogando na fogueira que crepitava a sua frente. — Hora de entrarmos, está ficando tarde ─ Ilana se levantou também, estava cansada demais para encontrar alguma explicação que suprisse a curiosidade da criança.
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Ascensão Imperial
FantasíaSete deuses foram criados por um deus supremo, cada qual recebeu um império para governar e criou um ser para viver em paz e harmonia em seus respectivos mundos, porém, o poder lhes subiu à mente. Os deuses desejavam além do que já possuíam. Uma gue...