Capítulo X - Progênie

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3059 palavras

Fynera, província de Indifell

O sol mal havia surgido no horizonte e o clima de tensão já pairava no ar. O campo de treinamento estava repleto de jovens ansiosos, as pernas balançantes, as mãos suadas e as unhas roídas dos novos possíveis soldados deixava isso ainda mais explícito.

Era chegada a época em que novos rapazes e moças eram escolhidos para compor o exército de grandes guerreiros. Um motivo de orgulho, tanto para o pessoal e profissional, quanto para o lado familiar. Era mais que um sonho, era a garantia de uma estabilidade financeira, além de poder dizer com orgulho que faziam parte do batalhão de renomados capitães, tenentes e generais.

Entre os jovens, o capitão Ravish, cujos os passos firmes e olhar atento não deixava transparecer as memórias que lhe inundavam. Lembrava-se perfeitamente bem de como se sentiu em seu primeiro dia, estava nervoso e incerto do que o aguardava. Apesar de ser filho do ex marechal Zomungard, o que não era um artifício que lhe dava vantagem, estava ali disputando seu espaço de igual para igual, não se isentando da responsabilidade de estar entre os melhores para ingressar no exército onde seu pai fez história no passado.

Ele se permitiu um sorriso, quase imperceptível, o sentimento de saudade era o que vinha a tona, pelos dias de simplicidade, quando suas maiores preocupações eram passar nos testes e impressionar seus superiores, agora, um pouco mais maduro, ciente de toda sua jornada que o transformou no líder que é hoje, forjado pelo fogo do dever e pelo aço da disciplina.

— Atenção! Formem filas! — Sua voz ecoou com autoridade, trazendo todos a sua volta para o presente. Os recrutas rapidamente retomaram sua postura e um silêncio palpável se abateu sobre o grupo. O capitão Ravish voltou a caminhar entre os recrutas, seus olhos avaliando cada um dos futuros soldados. — Este será o dia mais importante de suas vidas, — ele começou, sua voz firme e inspiradora. — O dia em que vocês decidirão o tipo de soldado que querem ser. Lembre-se, não é apenas a força e habilidade que faz um soldado; é a coragem, o sacrifício e, acima de tudo, ter um compromisso inabalável com os valores que defendem.

Ravish deu uma pausa, buscando as melhores palavras para incentivar os recrutas.

— Vocês estão aqui para se tornarem mais do que soldados — ele disse olhando nos olhos de cada um. — Vocês estão aqui para se tornar guardiões da paz, defensores da justiça e emblemas da honra e eu estarei aqui, a cada passo do caminho, para garantir que cada um de vocês alcance esse ideal. E lembre-se, a única coisa que separa um soldado de um capitão é o presente e futuro. Vocês são o nosso futuro, futuro esses que irão hastear a bandeira de Indifell em nome da honra e da glória.

O discurso inspirador de Ravish amenizou o clima de tensão, os jovens se sentiram esperançosos, preparados para dar seus primeiros passos em direção ao destino que os aguardavam.

O campo de treinamento era um vasto terreno aberto, a grama estava pisoteada por muitos lugares, marcada pelas botas de inúmeros recrutas que haviam passado por ali antes. Aqui e ali, alvos de prática estavam espalhados, alguns com evidentes marcas de fuligem, testemunhas silenciosas do rigoroso treinamento de resistência.

No centro do campo, havia uma série de obstáculos para testar a agilidade e a força dos soldados. Barras de escalada se erguem imponentes, desafiando os recrutas a superarem não apenas a altura física, mas também o medo interno que poderia prendê-los ao chão.

O campo de treinamento era muito mais que um local de preparação física, era um santuário de desenvolvimento e crescimento, ali estava a cultura instaurada de Indifell. Genovah e Denoque pisaram naquele solo e fizeram história se tornando semi-deuses, posteriormente, Zomungard vestiu a farda, lisa, sem conquista nenhuma a qual se orgulhar e agora tinha uma coroa sob sua cabeça. Ravish se propunha a seguir o mesmo destino.

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