5198 palavras
Bolgdra, província de Montuália
Ilana limpou o sangue dos ferimentos expostos da briga, logo mais os machucados estariam todos curados, bastava alguns minutos e tudo estaria como novo, e nenhuma cicatriz sequer estaria existente em sua pele.
Yaco se aproximou do alto do penedo, observando o rio fluir em direção a Vallos, não estavam muito longe dali, mas estavam muito cansados para continuar o trajeto. O sol havia nascido há um bom tempo e logo mais seria meio dia.
— Como vamos explicar para a família de Filippo? — Ilana estava com o olhar caído, suas unhas deslizavam contra a sua pele, a fazendo se desprender do canto da unha, pequenas gotas de sangue caíram sobre a roupa recém trocada. Não tinha mais esperanças, Filippo nunca mais retornaria para casa. — Não deveríamos tê-lo deixado para trás.
— Independente... Teríamos morrido os três, ele nos salvou.
Ilana agarrou uma pedra que encontrou ao seu lado ao se abaixar, com tamanha força e brutalidade, arremessou no penhasco a baixo.
— Vá se deitar. — Yaco colocou a mão sob o ombro de sua filha. — Descanse um pouco antes de partirmos, eu fico de vigia.
A jovem maneou a cabeça, e deu as costas ao penedo, seu pai iria insistir para que ela descansasse, sabia que não conseguiria dormir, mas ao menos poderia chorar sozinha em luto por Filippo.
Apenas um cavalo havia restado junto da carroça de madeira que tinham algumas roupas, ferramentas e um pouco de alimento. Yaco foi em direção ao cavalo, e pegou a bolsa que Ilana havia carregado consigo. Yaco a abriu, se deparando com a esfera dourada que Ilana fez questão de carregar.
O objeto reluziu, a princípio parecia ter sido feito com ouro, mas o material parecia ser muito mais rico, delicado, ao mesmo tempo que era resistente. Yaco aproximou ainda mais a esfera de seus olhos, observando minuciosamente os seus detalhes, haviam pequenos desenhos entalhados na peça, delicados traços arredondados davam continuidade no orbe, Yaco deduziu o quanto valia aquela peça: Dez mil fallins? Não, era muito pouco, talvez cinquenta, cem...
O orbe brilhou, aquilo assustou Yaco que a afastou abruptamente, mas era inofensiva. Ele estava encantado, o objeto tão belo... Era uma das coisas mais bonitas que ele havia visto em toda sua miserável vida.
Ele voltou a guardar o orbe na bolsa, em meio aos diamantes, esmeraldas, safiras e rubis.
Partiriam assim que estivessem descansados, não queriam levantar suspeitas de onde haviam ido, por isso precisavam esperar as cicatrizes sumirem completamente.
Mas como explicariam sobre FIlippo? O peso da culpa caiu nos ombros de Yaco, ele era o mais velho dali e, como missão, deveria ter cuidado dos dois mais jovens, deveria ser ele no lugar de Filippo, mas talvez o medo e desespero de proteger Ilana foi maior, e deixou que o rapaz se sacrificasse.
Não saberia se contava a verdade para a família do rapaz, a maquiando levemente para não ser descoberto, ou se dizia que o rapaz se perdeu no caminho, e que iria procurá-lo.
Um cadáver, era isso que perderiam tempo procurando já sabendo da verdade.
Yaco sabia dos riscos, desde que decidiu se tornar um ladrão, que o destino era a morte, sem lástima, sem perdão, sem segundas chances... E ainda carregou sua filha consigo, já havia perdido outros companheiros na jornada, estava condenando a si próprio e se condenaria duas vezes mais por sua Ilana.
Por um momento Yaco se sentiu culpado por agradecer por ter sido Filippo a se sacrificar no lugar de sua filha, e pediu perdão por isso também.
Mas faltava pouco para alcançar seu objetivo, logo poderia construir um barco e levar sua família para bem longe de Montuália.
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Ascensão Imperial
FantasíaSete deuses foram criados por um deus supremo, cada qual recebeu um império para governar e criou um ser para viver em paz e harmonia em seus respectivos mundos, porém, o poder lhes subiu à mente. Os deuses desejavam além do que já possuíam. Uma gue...