Coração Valente preenchia o buraco no teto da toca dos guerreiros com pequenos galhos, se espetava uma vez ou outra quando os manobrava para encaixar nos pequenos espaços, era uma pontada atrás da outra.
— Será que foi uma coruja que fez isso pela noite? — perguntou Queda de Cascalho, observava o conserto após entregar todos os galhos.
— Honestamente eu duvido, faria um grande barulho e acordaria todos, é realmente um mistério esse buraco surgir assim — respondeu o guerreiro branco, se sentando ao terminar o reparo. — pronto, com isso não vai cair mais água aqui dentro —
— Bom, vou tratar dos carrapatos dos anciões agora, infelizmente — suspirou o guerreiro de patas escuras decepcionado, ainda de sentia um aprendiz.
— Cuidar dos anciões é um dever importante que até mesmo os guerreiros devem fazer — apontou Coração Valente gentilmente.
Queda de Cascalho entendera suas palavras, saindo na da toca um pouco mais animado. A clareira ainda possuia pequenas poças de água da chuva, não havia muitos lugares para se deitar e aproveitar o pouco de luz solar que iluminava o local, mas nada disso incomodava o guerreiro branco, seus pensamentos estavam voltados para a patrulha que iria sair logo, avistara Coração de Gelo, Pelo de Castanha e Asa de Falcão se dirigindo para a entrada do acampamento. Apressado, trotou para os alcançar e se unir a patrulha.
— Posso me unir? — perguntou Coração Valente animado.
— Pensei que estava consertando o buraco na toca dos guerreiros — apontou o guerreiro castanho escuro malhado, lhe observando por cima do ombro, aquela atitude e palavras frias causaram lhe arrepios.
— Bom...eu já consertei — retrucou o guerreiro branco um pouco intimidado.
— ...Que seja, venha então — grunhiu Asa de Falcão, liderando o caminho.
O rio estava mais alto do que o de costume, a correnteza estava forte e sua coloração possuia um tom leve de lama, arriscar atravessar a água naquela situação seria morte certa. A terra ainda molhada pela chuva se transformou em lama grudenta e fria, cada vez que as patas de Coração Valente afundavam, sentia entrar entre seus dedos, uma sensação um pouco desconfortável. Seu irmão acabara de marcar uma das rochas na margem do rio quando notara algo na lama.
— Ei, venham dar uma olhada nisso — chamou Coração de Gelo, se aproximando da marca. — ! Isso é... —
— O que? — perguntou a guerreira castanho e branco ao ficar ao lado, arregalando os olhos com o que via. — elas de novo... —
— Raposas... — miou o guerreiro branco sombrio, seu maior pesadelo havia retornado.
— O que há com essas caras? Vamos achá-la e arrancar o seu couro, é simples — bufou o guerreiro castanho escuro malhado, analisando a direção em que a pegada apontava. — Está indo em direção a Clareira Florida, vamos —
O grupo seguia com muito cuidado, todos exceto Asa de Falcão ficavam cada vez mais tensos conforme se viam cercados pela vegetação densa, seria difícil ver de onde a raposa atacaria. Chegaram em um ponto onde as pegadas se dividiam em duas, algo muito estranho pois até então seguiam os passos de apenas uma raposa, de repente, parecia que ela havia se divido em duas. O guerreiro castanho escuro sinalizou com a cauda para os irmãos seguirem as pegadas da esquerda, enquanto se dirigia para a da direita com Pelo de Castanha, e assim se dividiram. Coração Valente mantinha suas orelhas atentas a qualquer som, mas tudo o que ouvia eram os sons naturais da floresta, o farfalhar das folhas com o vento leve que passava entre elas, os insetos emitindo sons de todas as direções, pássaros no topo das árvores se comunicando e cantando, estava calmo demais.
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Gatos Guerreiros: Verdades Ocultas
FantasiSequência de Gatos Guerreiros: Presas Sombrias O Clã do Fogo enfrenta problemas internos enquanto Asa de Falcão se comporta de forma estranha, manipulando as decisões de Estrela Branca. Cabe à Brilho de Prata e seus amigos trazer seu clã de volta ao...