Capítulo 08

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Aquela manhã havia começado com uma chuva suave que não deixaria o sol aparecer por um tempo, todos ainda dormiam em seus ninhos. Asa de Falcão estava sentado ao lado de Mancha Negra em sua toca, que organizava as folhas de gatária recém pegas. A curandeira suspirou profundamente ao terminar, se virando para o encarar com exaustão refletindo em seu rosto.

— Se ela sabe algo sobre Estrela Cortante já é um avanço, mas já levantamos muita suspeita, ele viu que contaram para Presa Flamejante, vai estar atento a qualquer mudança nova — apontou Mancha Negra.

Ela não vai conseguir me ouvir, você é a única com a qual posso contar! Por favor Mancha Negra, você é a única do acampamento que pode me ver! — pediu o guerreiro castanho escuro malhado com urgência, era uma oportunidade boa demais para ser perdida.

— Falar é fácil! Não é o seu couro que vão arrancar se ele descobrir! — reclamou a curandeira com mal humor. — mas não deixa de estar certo, vou chamá-la para vir comigo colher ervas, venha também —

Perfeito! Quando começamos? — perguntou Asa de Falcão esperançoso.

— Agora, enquanto todos estão dormindo, mas não posso entrar na toca para acordá-la... — miou Mancha Negra, o encarando.

...O que? Por que está me olhando assim? — perguntou o guerreiro castanho escuro malhado confuso.

Asa de Falcão já estava arrependido de concordar com esse plano, ainda não havia se acostumado a atravessar seres vivos, estava se esgueirando entre os companheiros adormecidos de forma desajeitada, chegando até sua irmã, que dormia em um dos ninhos do meio. Isso não vai funcionar..! lamentou o guerreiro castanho escuro malhado, se erguendo sobre as patas traseiras. Com cuidado, usou as garras para fazer um buraco logo em cima de Rastro de Carvão, pequeno, mas fora o suficiente para criar uma goteira.

Os pingos caíam sobre a cabeça da guerreira negra de patas brancas, incomodando seu sono, a forçando a se levantar e sair do ninho. Grunhiu irritada ao olhar ao redor e achar apenas dois ninhos vazios, mas estavam do lado de Estrela Cortante, preferindo sair da toca, sendo seguida pelo irmão que suspirou aliviado. Mancha Negra que esperava na entrada de sua toca os avistou, indo ao encontro dos irmãos com calma.

— Acordou do lado errado do ninho hoje? — perguntou a curandeira suavemente.

— Uma goteira logo acima de mim, e nós reforçamos todas as tocas! — reclamou Rastro de Carvão, dando algumas lambidas e sua pata, passando em sua cabeça.

— Curioso — comentou Mancha Negra. — mas já que está acordada, pode vir me ajudar a colher algumas ervas? Preciso de um pouco de raiz de comfrei e margarida —

— Claro, posso consertar aquela goteira depois — miou a guerreira negra de patas brancas, logo bocejando ao se espreguiçar.

Os três saíram do acampamento sem pressa, passaram por Pelo de Castanha e Pegada de Cinzas que guardavam a entrada, Asa de Falcão vira no rosto de sua mãe cansaço e tristeza, ainda estava abalado por ela lhe abandonar, mas não a culpava, mas sim Estrela Cortante. A floresta estava completamente brilhante pela água da chuva, o som suave preenchia o ambiente, dava paz ao guerreiro castanho escuro malhado.

— As coisas estão melhorando um pouco no acampamento, não acha? — começou a curandeira enquanto caminhava.

— Algumas coisas estão, mas outras não — respondeu Rastro de Carvão sem ânimo.

— O que não está melhorando? — perguntou Mancha Negra, sinalizando com a cauda para esperar, se aproximando de alguns arbustos e moitas, escavando a terra macia.

Gatos Guerreiros: Verdades OcultasOnde histórias criam vida. Descubra agora