Capítulo 04

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Brilho de Prata não entendeu o que Coração Valente disse naquela manhã, mas confiou nas palavras que o mesmo dissera, esperava que todo aquele pesadelo fosse acabar em fim. Assim que a chuva encerrou, se juntou a patrulha de caça, Rastro de Carvão e Pelo de Castanha estavam ali, o que tornou o ambiente desconfortável depois do desentendimento com a guerreira negra de patas brancas. Couro Chamuscado liderava a patrulha, assim que parou sinalizou com a cauda para se separarem, assim todos o fizeram. A guerreira prateada grunhiu ao sentir as patas se encharcarem com a terra fofa e cheia de água, mas ignorou se concentrando nos cheiros, abrindo a boca para provar o gosto do ar.

Por causa da chuva estava difícil de sentir algo, mas conseguiu ouvir um farfalhar vindo no alto das árvores, avistando um esquilo prestes a descer. Brilho de Prata se agachou bem devagar com os olhos fixados na presa, a observando descer cautelosamente, indo até uma pequena poça para matar a sede. Pata por pata, a guerreira prateada se aproximou e por fim, avançou agarrando o esquilo pelo pescoço, uma morte rápida e sem barulho. A ideia de enterrar a presa fresca não parecia uma boa ideia para Brilho de Prata, ninguém comeria um esquilo com gosto de lama. Deixou a presa sobre uma pedra, encobrindo com uma pilha de folhas molhadas, mascarando o cheiro. Ouvira uma voz familiar não muito longe dali,  atraindo sua atenção decidindo segui-lá, subindo sobre uma pedra e tendo visão de Asa de Falcão logo abaixo, falando sozinho. A guerreira prateada atentou as orelhas e observara com atenção, não sabia se estava vendo coisas, mas notou uma silhueta grande a frente do guerreiro castanho escuro malhado.

— Então ele escapou da floresta negra? Pensei ter te deixado encarregado de não deixar isso acontecer! — rosnou Asa de Falcão furioso, andando de um lado para o outro. — não quero suas desculpas! Quero que encontre ele e o arraste de volta! Ele não pode ser visto! —

Ele...? — sussurrou Brilho de Prata sem entender a quem se referia.

— Até que Flor da Noite dê a luz, moldarei esse clã a minha vontade, hoje a noite será decidido o novo representante, Estrela Branca não escolherá, eu escolherei — garantiu o guerreiro castanho escuro malhado.

A guerreira prateada estava em choque, Asa de Falcão quer manipular o clã através de seu pai e a guerreira escura malhada estava esperando filhotes! Seu coração estremeceu dolorosamente, mas fora tirada de seus pensamentos quando teve sua cauda puxada de repente, a afastando dali. Ao se virar se deparou com Rastro de Carvão que a encarava espantada e ofegante, seu pelo eriçado e as patas trêmulas.

— Perdeu a cabeça?! Se ele te visse seria o fim! — rosnou a guerreira negra de patas brancas.

— O que quer dizer?! — perguntou Brilho de Prata atordoada.

— Era isso que eu queria dizer naquele dia! Cérebro de rato! Aquele não é Asa de Falcão! — alertou Rastro de Carvão com urgência.

— C-Como assim...Rastro de Carvão, quem é aquele?? —  perguntou a guerreira prateada, pressentindo o pior.

— Asa de Falcão é a reencarnação do gato mais sanguinário que já caminhou pela floresta, Estrela Cortante... — explicou a guerreira negra de patas brancas, liderando o caminho.

— Tantas coisas estranhas acontecendo, oh Rastro de Carvão! Flor da Noite está esperando filhotes dele! — miou Brilho de Prata angustiada a acompanhando.

— O que?! Isso não pode acontecer! — rosnou Rastro de Carvão, parando por um momento a encarando com um olhar severo. — temos que matar o filhote assim que nascer —

— Mas é só um filhote! — protestou a guerreira prateada espantada.

— Estrela Cortante também era só um filhote quando tentou matar outro filhote do berçário! — silvou a guerreira negra de patas brancas ao perder a paciência.

Gatos Guerreiros: Verdades OcultasOnde histórias criam vida. Descubra agora