Capítulo 02

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Asa de Falcão já não sabia mais por quanto tempo estava vagando por aquela floresta obscura de céu avermelhado, desde que acordara naquele local, esteve buscando uma saída, sempre com a sensação de que não estava só. Desistindo, o guerreiro castanho escuro malhado se sentou e se pôs a pensar, não sabia se estava morto, não se sentia como se estivesse, a última coisa que se lembrara era de ser empurrado brutalmente, sentindo a falta de ar intensa, até que acordou naquela floresta. Não havia se acostumado com seu corpo transparente, erguera as patas dianteiras para olhar mais uma vez, ainda lhe parecia estranho, lhe dava uma sensação de leveza. Suas orelhas se voltaram para o galho de uma árvore atrás de si, alguém estava lhe observando e prontamente saltou em sua direção, mas sua reação rápida fez com que o agressor atingisse o chão violentamente, caindo de bruços.

Se tentar novamente eu acabo com você! — rosnou Asa de Falcão em advertência, apesar de ser um blefe.

Ha! Pensei que era lento, mas é muito rápido! — ronronou o gato magricela de pelagem cinza pálido ao se levantar, se aproximando audaciosamente.

O guerreiro castanho escuro malhado se esforçou para permanecer parado, algo lhe dizia que aquele gato não era tão calmo quanto aparentava ser, e deveria manter a guarda alta. Ficara encarando a grande marca de mordida em suas costas, ainda havia sangue escorrendo dos furos feitos pelos dentes. O gato cinza pálido o analisou de cima à baixo, por fim, se sentou à sua frente.

Estrela Cortante disse que você era uma cópia descarada, bom, cópia você é, mas descarada nem tanto — miou o gato cinza pálido. — sou Fumaça, guerreiro do Clã do Orvalho

...Não preciso me apresentar, você parece me conhecer bem — grunhiu Asa de Falcão, voltando a caminhar, sabendo que Fumaça lhe seguia.

Onde espera chegar indo nessa direção? — perguntou Fumaça humorado.

O guerreiro castanho escuro malhado parou por um instante, entendendo que não importa o quanto andasse, aquela floresta não possuía um fim, estava perdendo tempo. Algum tempo havia se passado, Asa de Falcão já não aguentava mais ouvir o gato cinza pálido falar como sua morte fora a mais honrada que um guerreiro poderia ter, lutando até o fim contra uma criatura chamada lobo, ao qual nunca havia visto, mas a marca de mordida lhe dava uma prova de sua enorme força.

Pelo Clã das Estrelas! Cale-se! Você é pior do que uma revoada de patos! — silvou o guerreiro castanho escuro malhado ao perder a paciência.

Você não tem a paciência de um guerreiro! Eu só contei essa história cinco vezes! — miou Fumaça se divertindo com o mal humor que estava causando.

Vá enlouquecer outro e me deixe em paz! — rosnou Asa de Falcão ao se posicionar para o ataque, dando uma clara advertência.

Aqui você não tem poder! — respondou o gato cinza pálido à altura.

O primeiro a atacar fora Fumaça, avançou pela direita atraindo o guerreiro castanho escuro malhado para revidar, mas em uma ação rápida, se dirigiu para à esquerda, jogando areia em seus olhos, um ataque sujo! Asa de Falcão recuou as cegas grunhindo pela a ardência nos olhos, se assustando ao sentir o gato cinza pálido saltar em suas costas, se prendendo com as garras enquanto tentava lhe arrancar a orelha com os dentes. De repente mais peso se juntou, e outro, e mais dois! O guerreiro castanho escuro malhado fora pego em uma armadilha! Sem conseguir se manter de pé com tanto peso, sucumbiu ao chão lutando em vão para revidar os ataques, mas estava recebendo uma bela surra.

O guincho de um dos agressores soou ao seu lado, se distanciando até que ouvira o som de algo se chocando, Asa de Falcão sentiu seus agressores serem jogados para longe um à um, até que finalmente estava livre, ferido, mas livre. Ouviu os gatos fugirem em meio a rosnados furiosos. O guerreiro castanho escuro malhado não sabia quem havia os derrotado, mas se manteve quieto sem mover um músculo, fingindo-se de morto, o que parecia ridículo considerando o local em que estava.

Gatos Guerreiros: Verdades OcultasOnde histórias criam vida. Descubra agora