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Gabi
Quase desmaio, morro, tomo um ataque cardíaco.

Mas aí eu olho pra trás e vejo que só é o pateta do meu irmão.

— Leonardo! Quer me matar do coração?

— Engraçadinha... Posso saber onde você vai a essa hora?

— Então... Veja bem querido irmãozinho.

Ele cruza os braços.

— Vou me encontrar com o Tiago.

— Quem é Tiago?

Naquela hora até duvidei de uma pontada de ciúmes do Léo.

— Aquele da praia, aquele mesmo do açaí... Hoje mais cedo deixei minha pulseira cair no meio da areia, ele pegou e guardou. Agora preciso busca-la né?

— Olha Gabriella você não demora ouviu? Se não eu conto tudo pro nosso pai.

— Não faz isso!!! Por favor!!! — cruzo as mãos. — Pedi pro Tiago me esperar lá embaixo só pra não ter que subir e ele dar de cara com meu pai, não joga tudo pro ar e conta pra ele, por favor.

— Tá bom tá bom. Tudo isso por uma pulseira, meu Deus do céu. — ele sai bufando.

Ufa.

Desço pelo elevador e dou meia volta do meu condomínio até chegar ao portão, abro e encontro o Tiago me observando a cada ação minha.

— Boa noite patricinha mimada.

— Sem essa tá? Pode me devolver?

— Você tá sendo muita seca pro meu gosto, te paguei um açaí, agora essa outra caridade... Que que eu ganho em troca disso tudo em?

Suspiro com aquela fala de deboche dele. Realmente eu não sei o que ele deve ganhar em troca disso tudo.

— Olha eu não sei o que você pode ganhar em troca. — começo a dizer. — Afinal, você pagou meu açaí por que quis, veio até aqui por que quis, eu que te pergunto do por que de tanta 'caridade' com a minha pessoa.

Ele começa a me observar com calma novamente, ele olha pra minha boca, em seguida foca no fundo dos meus olhos me fazendo ficar um pouco tímida e talvez ate fiquei vermelha.

O que tá acontecendo comigo?

— Eu não sei do por que de tanta caridade com você. — ele se aproxima de mim fazendo eu dar uns passos pra trás — Talvez se você me desse uma chance pra gente se conhecer melhor e começarmos do jeito certo...

— Eu... Eu... Eu não posso Tiago.

— Não pode ou não quer?

— Tiago! — falo mais alto — Dá minha pulseira por favor, eu não posso ficar muito tempo aqui fora.

— Você tá certa. Tô te colocando em risco demais já. — ele põe a mão em um dos seus bolsos tirando a minha pulseira e em seguida me entregando a mesma. — Vai se cuidar?

Por que agora ele tava se preocupando comigo?

— Eu sei me cuidar. — o respondo — Boa noite Tiago.

— Boa noite patricinha mimada.

Volto para o meu apartamento e vejo todas as luzes desligadas, ufa, acho que deu certo.
Deito na cama novamente e não paro de pensar no Tiago, aquele garoto me tira do sério.

E o que ele ainda tá fazendo aqui em Copacabana se ele é de Cascadura?

Por que eu tô tão interessada na vida dele?

Em meio a esses pensamentos acabo pegando no sono.

Tiago
— Precisamos ir agora mano. — Wesley falava entrando no banco do motorista em seu carro, colocando o cinto de segurança.

— Eu te espero ainda acordada viu sobrinho? Vão com calma porque está tarde. — Minha tia falava do lado de fora do carro, em pé a beira da calçada.

E tava mesmo. Mas precisamos ir o mais rápido possível. Rodrigo morava com sua avó, a mesma não estava muito bem e precisava de seu neto por perto. Eu estava indo junto para buscar as minhas coisas e bom, conversar com o meu padrasto.

O caminho todo foi um silencio agradável, e por fim chegamos em Cascadura, na casa do Wesley.

Me despedi deles e eu e Rodrigo fomos caminhando até nossas casas que não eram muito longes dali.

— Que lugar sujo. — falo pra mim mesmo ao entrar em casa, logo me deparo com o Luís dormindo no sofá da sala, a TV estava ligada no volume máximo em qualquer programa e na cômoda haviam cartelas de cigarro vazias com latinhas de cerveja.

— Chegou? — o mesmo acorda se levantando com um pouco de dificuldade.

— Cheguei, mas já estou indo de novo.

— O que? — ele aumenta o tom de voz.

— Sim, mas relaxa que agora é pra valer. Eu vou morar com a minha tia. — o respondo tranquilamente.

— Ah moleque... — ele se levanta vindo em direção a mim.

Só falta querer me matar aqui mesmo.

— NÃO ADIANTA QUERER ENCOSTAR EM MIM! — era a minha vez de gritar.

— SE VOCÊ FOR, VOCÊ NÃO PISA AQUI NUNCA MAIS, MOLEQUE INGRATO! SUA MÃE MORREU DE DESGOSTO DE VOCÊ!

Desabei. Essa era a hora que lágrimas já se escorriam pelo meu rosto.
Quem ele pensa que era pra falar uma merda dessas?

— PARA DE FALAR O QUE VOCÊ NÃO SABE! MINHA MÃE NÃO AGUENTAVA MAIS O SENHOR! EU VOU, E EU VOU SIM! PODE FICAR TRANQUILO QUE AQUI EU VOLTO NUNCA!

— QUER SABER? JÁ VAI TARDE!

Dou as costas para ele e vou em direção ao meu quarto. Eu tava mal, não vou negar. Eu odeio quando tocam no assunto sobre a minha mãe, ainda mais quando contam mentiras sobre o ocorrido de sua morte.

Limpo minhas lágrimas tirando uma mala debaixo da cama, abro meu guarda-roupa e tiro minhas roupas, jogo tudo na mala porque o que eu menos tinha naquele momento, era paciência pra dobrar perfeitamente cada peça.

Vou ao criado mudo e retiro de sua gaveta um álbum pequeno de algumas fotos com a minha mãe, deixo por cima de todas as minhas coisas e fecho minha mala. Era isso, eu não precisar pegar mais nada desse lugar.

 A dama e o vagabundoOnde histórias criam vida. Descubra agora