Cinco

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O remédio em mãos erradas pode virá veneno


Nádia Davenport

Cruzo os braços e me encosto no batente da porta, daqui dá para escutar o Carlos batendo na porta da frente. De repente a porta na qual estou é aberta e um homem alto, magro e assustado para na minha frente e a cor do seu rosto some lentamente e me divirto com isso.

Abro um sorriso vendo o quão assustado ele está.

- Oi, Brian - Cumprimento o cara que me fodeu várias vezes, era até bom. Mas, traição é traição. E ele traiu a Camorra e merece morrer.

- Nádia - Meu nome em sua boca saiu com tremor. Ele está com medo e gosto disso.

- Gosta de crianças, Brian? - Pergunto, descruzo meus braços e deixo que ele aviste a tatuagem em meu braço. E é o que faz, seu olhar percorre o desenho e engole em seco.

- Não sou do tipo paternal - Deu um passo para trás, dei um para a frente.

- Imaginei que não - Ele correu para tentar sair pela porta da frente e deu de cara com Carlos.

Carlos abriu um sorriso e até mesmo fingiu ser alguém que não era.

- Desculpa, eu estava por perto e meu carro quebrou. Poderia usar seu telefone? - Carlos perguntou com uma expressão inocente. Isso me lembrou de um "bom moço", uma coisa que sei que ele está longe de ser.

- Não é uma boa hora cara - Comecei a caminhar em sua direção.

- É rápido, preciso avisar que estou bem - Quase achei graça da cara que fez.

- Como eu disse, não é uma boa hora.

- Ah, qual é?! Não vai deixar o Rossi entrar? - Perguntei. Brian de branco, ficou mais branco ainda.

- Rossi? - Carlos só precisou erguer as mangas. Brian deu um passo para trás, me aproximei e falei baixinho em seu ouvido.

- Bu!

Ele se atrapalhou ao tentar pegar sua arma e ela caiu no chão fazendo um barulho um pouco alto.

- Dá para imaginar que esse é o homem por trás de milhares de tráficos? - Pergunto enquanto pego minha adaga.

- Pior que sim, é muito fácil ficar atrás da cortina e mandar alguns homens de verdade fazer o serviço - Carlos comentou ao se sentar na poltrona e colocar uma perna acima da outra.

- Estou intrigada, na verdade, quem começou com isso tudo? Meu pai? - Pergunto, já que ninguém sabe que não sou filha do Romero.

- Você não foi a primeira Nádia, e essas crianças não serão as últimas - É, parece que sabe.

- Está confessando para mim que há um plano? - Sorrio, adorando vê-lo nervoso.

- Sempre houve. Romero tentou pegar várias crianças ao nascerem, principalmente de homens que ele considerava inimigo. As Cassanis, a Rivera, a Connelly. Há, seria um bom dinheiro pela Luna Connelly. Branquinha, de olhos claros e cabelo castanho. As pessoas sempre dão mais por crianças assim.

Uma ânsia me sobe e sinto vontade de vomitar. A Luna! Ele queria sequestrar a herdeira da Famíglia e isso seria mais que traição. Ele não seria só morto, mais como esquartejado pelo Logan.

- Quem continuou o plano depois do Romero? - Carlos perguntou.

- Ganha um doce se adivinhar - Brian brincou. Peguei em seu queixo com a ponta da faca e ele engoliu em seco.

Dois lados opostos - spinoff de um grupo em Nova YorkOnde histórias criam vida. Descubra agora