Nádia Davenport
Bato minhas unhas no balcão incansavelmente, Juan acompanha o batuque até que ele se levanta sem dizer nada, volta segundos depois com a chave do meu carro. Olho para a chave, olho para ele, faço esse mesmo movimento três vezes. Tento esquecer dessa chave, mas ela parece gritar comigo.
Não vou atrás dela.
Me levanto, vou até a cozinha e quando volto a chave continua lá, gritando por mim, chamando, implorando que eu a pegue. Não a pego. Giro nos calcanhares para ir para minha sala, mas não dei três passos, pego a chave e saio do cassino.
— Que se foda!
Ada uma vez me disse que devemos viver a vida como ela é, nós é que complicamos demais. Espero que esteja certa, porque estou indo atrás de uma criança que é nítido que viveria melhor longe de mim. Mas posso ser uma boa mãe, só não queria, mas agora vou tentar. Por ela.
Aurora pode ter sido um pé no saco no início que nós conhecemos, uma vez ela acabou jogando areia na maçã que eu estava comendo. Sem contar no dia em que riscou meu carro, escrevendo “sorria mais”. Mas isso é ela sendo ela, perdeu os pais muito cedo e foi completamente arrancada de sua avó, que acabou morrendo no período em que estava longe.
Ela merece cuidados, principalmente de amor. Posso dar isso a ela. Não vai ser fácil, mas vou conseguir. Sigo dirigindo pela cidade, para o endereço no qual Carlos falou mais cedo. Não é tão longe do centro da cidade, uma rua pacata. Tranquila até demais para meu gosto. Assim que paro em frente a casa, vejo que o carro do Carlos está estacionado mesmo na frente. Ótimo! Ainda está aqui.
Vou até a porta e bato, sentindo minhas mãos suadas. Uma mulher com um olho roxo abre a porta e não espero ser convidada, entro de uma vez procurando pela menina.
Ela está sentada no colo de um homem que balança na cadeira de balanço tentando deixá-la calma, como ela pode ficar calma com uma arma apontada em sua cabeça?
Meu coração dispara assim que vejo os olhinhos dela com medo, ela não estava chorando até que me viu. Carlos não reage a nada, sentado em uma cadeira. E imagino o que seja, assim que vejo uma seringa na mesa. Ernesto gosta de trabalhar com algo mais sério. Falando no diabo.
— Olá, Nádia.
— Queria dizer que estou feliz em te ver. Mas estaria mentindo — Falo sorrindo. Ernesto está usando uma bengala, e sua mulher e mãe do Carlos está ao lado dele. Seus olhos batem em seu filho e vejo tristeza em seu rosto.
— Aurora é uma criança adorável, não acha? — Quando seus dedos tocaram no rosto dela, ela cuspiu no rosto dele. Boa garota.
— Acho, acho demais — Digo enquanto acho graça.
— Criança insolente, vai ser muito útil com a madame Svetlana — A dona do bordel. Por isso o tráfico de crianças! Era para Svetlana!
Lembro dela, ela apareceu em um jantar na mansão. Lembro que Romero a recebeu com tudo o que tinha de melhor, ela comanda um dos maiores bordéis da Rússia. Conhecida por criar crianças para ganhar dinheiro delas. Vivia me dizendo que eu era adorável, que tinha uma beleza poderosa. Sei! Queria era ganhar dinheiro às minhas costas. Que mulher nojenta!
— Você é cliente dela? — Pergunto. Ernesto rir.
— Odeio traições, Nádia, e nem mesmo quando eu estava solteiro quis esse tipo de vida — Dessa vez achei graça.
— Mafioso, cretino e fiel. Senhores e senhoras! Ernesto!
— Gosta muito de brincar Nádia, não leve tudo na brincadeira, porque acaba sendo cansativo — Ernesto me diz seu conselho que entrou por um ouvido e saiu pelo outro.
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Dois lados opostos - spinoff de um grupo em Nova York
Roman d'amourNádia cometeu um erro e teria que pagar por isso. Condenada a trabalhar para a Camorra por um ano e sem ter acesso a suas contas bancarias vai ter que cumprir ordens de alguém que ela não gosta. Ela não é uma boa pessoa e não deseja ser. Ela é como...