Vinte

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Palavras podem até enganar, mas o que machuca é a forma como você a pronuncia.


Beatrice Mancini

Perdi meu melhor amigo.
E estou triste, porque ele era um ótimo homem, pena que meu coração não se apaixonou por ele como fez com Luca. Mas eu não poderia enganar ninguém, já basta o que fiz com minha avó, não vou continuar mentindo. E ele acreditava que a qualquer momento eu poderia sair da Camorra, na verdade, ele queria isso.

“Podemos viajar pelo mundo Bea! Conhecer lugares, quando você sair da Camorra”.

“E eu vou sair?”

“Sim! Esse mundo não é para você Beatrice, lembra de quando éramos crianças? Você morria de medo de qualquer coisa, ainda tem, na verdade”.

O jeito como falou de mim, sei lá, me incomodou, não tinha interesse de sair da Camorra e quando comentei sobre isso, ele riu e me chamou de palhaça. Hoje, quando decidi dar um ponto final onde não deveria ter colocado vírgula, ele ficou chateado, até mesmo com raiva. E isso me incomodou mais ainda, agora estou deitada na minha cama ouvindo James Arthur, acabei de falar com minha mãe no telefone e ela me disse para prosseguir com minha vida. Me deu ótimos conselhos, só espero seguir todos.

Viro meu rosto devagar para a batida na porta.

— Já disse que não quero conversar Cecília! — Ela veio aqui tentar me fazer comer, não quis, depois veio novamente saber se quer conversar, e novamente neguei. Ela não foi para a festa do Max que ocorreu porque tinha assuntos para resolver aqui, algo como uma encomenda para Turquia. A equipe só volta daqui a dois dias, e Sirena iria ficar por lá, levaram até Aurora.

— Por acaso eu me pareço com a Cecília? — Me aproximei da ponta da cama ao ver Luca todo de terno parado em meu quarto.

— Luca? — Acho que estou vendo miragem, belisco minha perna, mas Luca continua na minha frente.

— Como chegou aqui? — Perguntei, mas sei que é uma pergunta idiota assim que ele responde:

— Inventaram algo engraçado, sabe?  Se chama avião — Seu sorriso perfeito me fez jogar uma almofada nele.

— O que acha que sinto por você, Beatrice? — Sua pergunta me pegou desprevenida, suspirei pesadamente.

— Nada — Ele balançou a cabeça devagar.

— Eu sinto tudo. Te amo, porque você é tudo o que sempre quis, te odeio porque meu coração só quer saber de você e não estamos juntos, tenho orgulho de você, por ser uma mulher incrível, tenho medo, porque se algo acontecer com você não sei o que será de mim. Me tenho inteiro para você, te guardei solta esse tempo todo, porque era incrível te ver se aventurando por aí. Só que errei, achei que você sempre ficaria melhor sem mim, mas me enganei, meu passado não precisa nos impedir de ficar juntos, vamos escrever um futuro, um futuro, juntos.

Meus olhos lacrimejaram, ele pegou em minha mão.

— Quando as pessoas me perguntam se aconteceu algo, eu digo que não. Mas, na verdade, aconteceu, aconteceu que te perdi.

— Você nunca me perdeu Luca, esse era o meu maior problema, sou sua e isso me assustou, porque descobri que meu coração e eu só quer saber de você — Admiti. Ele sorriu, então me levantei da cama e o abracei, o abracei forte, com uma saudade reprimida, nós beijamos e senti que agora tudo ficaria bem.



Nádia Davenport

Uma reunião antes de partirmos pareceu séria demais, e estremeci quando descobri o motivo da reunião.

Dois lados opostos - spinoff de um grupo em Nova YorkOnde histórias criam vida. Descubra agora