Nádia Davenport
Estou com sede e com fome. Eduardo está andando de um lado para o outro enquanto nos observa com atenção. Não há nenhum sinal de Tereza. Ana está de cabeça baixa, vou nem contar que o cabelo dela tá assanhado, ela vai surtar.
— Querem ouvir uma história? — Ele pergunta depois de um tempo. Ana só acena com a mão, o encaro querendo ouvir a besteira que vai sair de sua boca.
— Se falarmos que não, você vai contar do mesmo jeito — Comento.
— Há seis anos, havia acabado de entrar na Cosa Nostra. Conheci uma mulher que me encantou, porque era uma mulher muito gostosa.
— O que suas aventuras tem a ver com a gente? — Ana perguntou entediada.
— O nome dela é Alejandra — Gelei assim que ele terminou de falar. Ana levantou a cabeça rapidamente depois de escutar.
Seis anos atrás, não, não!
— A menina que está com vocês, é minha filha — Sinto a dor em meu peito, tentávamos esconder ela do pai biológico pensando que ele não sabia da existência dela. Erramos, erramos mais uma vez!
— Deixa de mentira! — Ana falou — O pai da menina morreu há três dias.
Encaro ela do meu lado, não há um sinal de mentira ou enganação. Eduardo deu de ombros.
— Estou vivinho aqui.
— Está morto, porque foi, eu que o matei — A declaração dela faz ele rir.
— Como pode ter tanta certeza que ele é o pai? — Eduardo perguntou com um sorriso brincalhão.
— Como tem certeza que você é o pai? — Questiono — Alejandra era uma prostituta, você só foi mais um na cama dela.
Eduardo fechou a cara.
— Prostituta?
— Você não sabia? — Ana perguntou e logo após começou a rir.
— Enganado? Mais uma vez? Que surpresa! — Zombo.
— Tenho certeza que você não é o pai, afinal de contas mandei fazer o teste de DNA logo após que eu o matei. E confirmei, Hélio era o pai verdadeiro da menina — Ana nem pisca ao dizer isso. Eduardo passa a mão na cabeça.
— Agora você tem que nos dizer algo que nos agrade. Esse foi o jogo da Tereza — Ana brincou.
— Gosto de outro tipo de jogo — E com isso saiu pela porta que entrou.
— Que idiota! — Gritei. Ana assumiu um semblante triste.
— Como será que estão meus filhos? — Perguntou parecendo pra si própria. Ela não está usando um colar com seu nome, mas sim com dois bonequinhos, um menino e uma menina.
— Ei! Tem um grupo todo cuidando deles — A lembrei, uma psicóloga havia me dito para lembrar de coisas boas em meio ao caos. Talvez, ela não esteja enganada.
— Um grupo maluco — Acabamos rindo juntas.
— Sentia inveja de vocês — Confessei. Ana me encarou franzindo a testa sem entender — Vocês são vocês, unidos, defendiam um ao outro e matariam e morreriam um pelo outro. E tudo o que eu queria era que me enxergassem, que me tirassem daquele inferno.
— Eu não sabia Nádia.
— Você não tinha como saber, morava no Brasil. E tentei conversar com seu pai, mas nunca tive chances. Romero estava sempre na minha cola, e tive medo de sei lá, seu pai ser mais um idiota. Mas alguma coisa dentro de mim me dizia que ele teria ajudado — Ana assente sorrindo.
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Dois lados opostos - spinoff de um grupo em Nova York
RomanceNádia cometeu um erro e teria que pagar por isso. Condenada a trabalhar para a Camorra por um ano e sem ter acesso a suas contas bancarias vai ter que cumprir ordens de alguém que ela não gosta. Ela não é uma boa pessoa e não deseja ser. Ela é como...