Vinte e cinco

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Nádia Davenport

Estou com sede e com fome. Eduardo está andando de um lado para o outro enquanto nos observa com atenção. Não há nenhum sinal de Tereza. Ana está de cabeça baixa, vou nem contar que o cabelo dela tá assanhado, ela vai surtar.

— Querem ouvir uma história? — Ele pergunta depois de um tempo. Ana só acena com a mão, o encaro querendo ouvir a besteira que vai sair de sua boca.

— Se falarmos que não, você vai contar do mesmo jeito — Comento.

— Há seis anos, havia acabado de entrar na Cosa Nostra. Conheci uma mulher que me encantou, porque era uma mulher muito gostosa.

— O que suas aventuras tem a ver com a gente? — Ana perguntou entediada.

— O nome dela é Alejandra — Gelei assim que ele terminou de falar. Ana levantou a cabeça rapidamente depois de escutar.

Seis anos atrás, não, não!

— A menina que está com vocês, é minha filha — Sinto a dor em meu peito, tentávamos esconder ela do pai biológico pensando que ele não sabia da existência dela. Erramos, erramos mais uma vez!

— Deixa de mentira! — Ana falou — O pai da menina morreu há três dias.

Encaro ela do meu lado, não há um sinal de mentira ou enganação. Eduardo deu de ombros.

— Estou vivinho aqui.

— Está morto, porque foi, eu que o matei — A declaração dela faz ele rir.

— Como pode ter tanta certeza que ele é o pai? — Eduardo perguntou com um sorriso brincalhão.

— Como tem certeza que você é o pai? — Questiono — Alejandra era uma prostituta, você só foi mais um na cama dela.

Eduardo fechou a cara.

— Prostituta?

— Você não sabia? — Ana perguntou e logo após começou a rir.

— Enganado? Mais uma vez? Que surpresa! — Zombo.

— Tenho certeza que você não é o pai, afinal de contas mandei fazer o teste de DNA logo após que eu o matei. E confirmei, Hélio era o pai verdadeiro da menina — Ana nem pisca ao dizer isso. Eduardo passa a mão na cabeça.

— Agora você tem que nos dizer algo que nos agrade. Esse foi o jogo da Tereza — Ana brincou.

— Gosto de outro tipo de jogo — E com isso saiu pela porta que entrou.

— Que idiota! — Gritei. Ana assumiu um semblante triste.

— Como será que estão meus filhos? — Perguntou parecendo pra si própria. Ela não está usando um colar com seu nome, mas sim com dois bonequinhos, um menino e uma menina.

— Ei! Tem um grupo todo cuidando deles — A lembrei, uma psicóloga havia me dito para lembrar de coisas boas em meio ao caos. Talvez, ela não esteja enganada.

— Um grupo maluco — Acabamos rindo juntas.

— Sentia inveja de vocês — Confessei. Ana me encarou franzindo a testa sem entender — Vocês são vocês, unidos, defendiam um ao outro e matariam e morreriam um pelo outro. E tudo o que eu queria era que me enxergassem, que me tirassem daquele inferno.

— Eu não sabia Nádia.

— Você não tinha como saber, morava no Brasil. E tentei conversar com seu pai, mas nunca tive chances. Romero estava sempre na minha cola, e tive medo de sei lá, seu pai ser mais um idiota. Mas alguma coisa dentro de mim me dizia que ele teria ajudado — Ana assente sorrindo.

Dois lados opostos - spinoff de um grupo em Nova YorkOnde histórias criam vida. Descubra agora