Seis

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Vivemos em um mundo no qual fomos criados para sermos frios, mas é o calor que deixa a adrenalina interessante.

Carlos Rossi

— Ela fez o quê?? — Luca se aproximou animado com tudo o que estou contando.

— Aplicou uma morfina de qualquer jeito, ele tem alergia a essa medicação. Ele começou a soar, sentiu dores e quando vi já estava o sufocando. E ela o deixou assim por minutos — Conto tudo o que vi. Beatrice torce o nariz imaginando a cena, talvez, Kiara está de braços cruzados e não demonstra nada.

— Ele morreu assim, então? — Bea pergunta, balanço a cabeça.

— Não? — Luca perguntou alarmado e animado ao mesmo tempo.

— Ela cortou a garganta dele como disse que faria e depois queimou o corpo dele. Saímos antes do fogo consumir a casa — Termino de contar o que aconteceu. Kiara gargalhou, jogou seu cabelo para trás e tapou a boca exibindo as unhas recém-feitas.

— Bem estilo, Nádia Bittencourt — Não a corrijo, ela já não se chama mais Bittencourt, mas não vou discutir isso com a bruxa.

Estamos na piscina da mansão privada da equipe, Kiara está de biquíni, um vermelho que se destaca em seu corpo e Bea com um biquíni rosa bebê.

— Onde ela está agora? — Bea pergunta, sua bebida é um drink sem álcool e mesmo assim mal o tocou.

— A chamei, ela disse que viria — Kiara informa e olha para a mansão, e vejo Nádia vindo em nossa direção. Está usando um biquíni vinho, com um detalhe de pedraria. Seu corpo é uma visão e tanto, e a desgraçada sabe o quanto é bonita e se aproveita disso.

— Olha se não é ela, a babá da Camorra — Luca zombou, Bea riu, mas escondeu o sorriso com a mão.

— Pediram, para mim, cuidar de você, mas achei entediante — Nádia rebateu, mas Luca não se zangou, apenas sorriu de lado e mandou um beijinho para ela.

— Me diz, como uma cobra que tinha Vegas nas mãos, forjou a própria morte — Kiara perguntou, e isso me lembrou que eu também tinha essa dúvida e esperava que ela respondesse. Mas vindo da Nádia, acho difícil.

— Nem sempre o dinheiro é suficiente — É tudo o que diz, dá de ombros e se levanta indo em direção à piscina. Olho suas costas e vejo a tatuagem da cobra. Uma tatuagem que faz de tudo para mostrar, a maioria de suas roupas são com as costas nuas.

— Tão enigmática — Kiara falou enquanto revirava os olhos.

— Talvez ela só não goste de comentar sobre isso — Bea comenta algo que também considero.

— Ou talvez, ela seja uma mulher insensível e horrível — Kiara comenta e bebe um pouco de sua bebida.

— Ou seja, igual a você — Luca diz. Kiara dá de ombros.

Nádia parece um cofre, quanto mais você pensa que sabe a senha, mais você descobre que está errada. Não consigo imaginar o quanto ela teve que lutar, mas gostaria de saber por qual motivo a fez querer lutar.

Por que ela forjou a própria morte?
O que tanto esconde?
Por que o grupo sabe tanto sobre ela?

Sabemos que ela é irmã da Ada, foi traficada quando ainda era uma criança. Cresceu em Las Vegas como a herdeira do Romero.

— Preciso de um calmante — Cecília sentou na mesa e estendeu a mão para o Luca. O loiro entregou um saquinho com um cigarro que costuma vender. Ela ajuda bastante nas vendas das mercadorias. Cecília só fuma às vezes, mesmo com todos dizendo para ela parar de vez.

O Fitz está sempre medicado, se não o estresse acabará o matando.
Cecília encontrou no cigarro um tipo de remédio, e ela só fuma quando está super estressada.

Ela deu uma tragada enquanto mexia em seu celular, talvez pagando o Luca.

— O que foi dessa vez? — Perguntei agora interessado.

— 5 caixas, era para vir da Colômbia 5 caixas de munições. Não veio nenhuma! — Ela conta revoltada após soltar a fumaça.

— Foi o Jorge? — Luca perguntou citando o líder da máfia no Brasil.

— Se foi aquele filho da puta, eu o mato!! — Eles estão sempre dizendo que vão matá-lo, mas nunca o fazem de fato. Tudo ladainha.

— Cadê meu xará? — Luca perguntou pelo marido da Cecília.

— Lucas foi visitar os pais no Brasil e aproveitar para investigar sobre as caixas — Nádia voltou da piscina e Cecília a encarou de cima a baixo.

— Jorge tem uma certa mania de roubar as outras máfias, mas pensei que a Ada já tinha resolvido isso — Kiara comenta e o nome chama a atenção da Nádia. Nunca havia reparado com clareza para a Ada, mas agora percebo a semelhança dela com a Nádia.

O mesmo olhar, o nariz que não engana ninguém, e sei que a Nádia era loira. Mas quando voltou, voltou morena e sempre quando aparece pelo menos um pouco da raiz, ela já o pinta novamente. Como se sentisse desprezo pelos fios loiros.

O celular da Bea tocou e a loira estranhou ao pegar o aparelho.

— Nicolas? — Os olhos da pequena se arregalaram e ela colocou a mão na boca em desespero.

— Vou fazer isso agora mesmo! — Assim que desligou o celular, abriu o notebook e começou a clicar rapidamente. Nos deixando alheios ao que está acontecendo.

— Beatrice, se você não abrir a boca agora, sumo com seus ursos de pelúcia! — Kiara a ameaçou.

— Os herdeiros foram levados pela Irina.

— O quê?! — Dissemos todos juntos.

— Aaron, Aria, Caroline e Luna. Irina os levou e preciso rastrear ela.

— Ada… — Nádia falou tão baixo que duvido que os outros tenham escutado, mas eu sim. Ela se levantou às pressas e correu para dentro da casa. Me levantei e fui atrás dela.

Ela entrou em seu quarto e se enfiou no closet com o celular no viva voz.

— Vamos Ada, atenda!

— Alô — A voz dela estava rouca e com certeza andou chorando.

— Você está bem? — Nádia apareceu no quarto e estranhou que eu estivesse aqui, mas não comentou nada. Ela vestiu uma calça jeans preta e blusa vermelha, calçou um tênis e pegou seus acessórios.

— Não, Nádia, eu não sei o que fazer. Foi tudo tão rápido. Estou na mansão da Famíglia enquanto eles estão indo atrás dela.

— Pois fique aí mesmo, eu vou dá um jeito de ir para ir — Nem pensei, liguei para um dos pilotos da Camorra e pedi o primeiro jatinho — Ada? Eles vão ficar bem. Tá bom? Eles vão ficar bem.

Não sei se essa afirmação era para a Ada ou para si. Ela encerrou a ligação e respirou fundo antes de terminar de se aprontar.

— Não pode me impedir de ir até ela — Foi firme em dizer.

— Nunca impediria isso — Fui mais firme em falar. Nossos olhares se encontraram e me perdi no castanho dos seus olhos. — Vamos no jatinho da Camorra, já informei para o Nick que estamos indo.

— Estamos?

— Enquanto está aqui Nádia, você é uma de nós. E estamos falando dos herdeiros, da minha futura senhora, se algo acontecer a Caroline, pode ter certeza que quem a fizer mal pagará por isso.

Ela notou quão sério eu estava falando e assentiu, pegou seu celular e saímos do quarto.

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Sexta feira - 22 de setembro

Nádia demonstrando um pouco do sentimento que ela tem 🥺

Até logo. Bjs. Ana

Dois lados opostos - spinoff de um grupo em Nova YorkOnde histórias criam vida. Descubra agora