me obrigaram a voltar.
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THE MONSTER'S GONE
HE'S ON THE RUN
AND YOUR DADDY'S HERE.✿✿✿
Irene o odiava. Em todas as formas de se odiar alguém, ela o odiava por inteiro, tudo nele era detestável e ela tinha que fazer seu cérebro lembrar disso toda vez que encarava ele com os olhos brilhantes. Ela o odiava e odiava a situação em que ele colocou ela, ser a outra, no mundo em que foi a primeira. Afinal, se Agatha havia forjado a morte, é porque o odiava, não é? Ela também o odeia.
Odeia a forma que ele trata ela, odeia o jeito que ele trata a própria filha, ela odeia tudo. Já não era o mesmo Antônio, se é que algum dia ele havia sido diferente.
O Antônio que ela conheceu de verdade, foi na gravidez de Petra.
2000.
Irene admirava Petra dormindo confortavelmente no berço, agarrada a naninha e a chupeta que a fazia pegar no sono sempre que colocava na boca. Não era uma neném agitada, desde sempre foi calminha e quando estava na barriga o passatempo preferido era chutar para ouvir a voz do pai ou da mãe. Então, nunca foi uma neném que desse trabalho – como Daniel foi.
Nunca acreditou que os bebês tivessem pessoas preferidas, até Petra mostrar o contrário. Era apaixonada pelo pai, assim como ele era apaixonado nela. Gostava de dormir com o pai balançando ela desde a primeira semana de vida, apesar dos momentos de observar a mãe enquanto era amamentada se tornarem únicos para elas, ainda sim, o pai conseguia prender a atenção da menina por completo.
Já tinha três meses então já era mais gordinha, um pretexto que eles arranjaram para apertar a bochecha delas sem desculpas. Quando Antônio chegava, Petra era a primeira pessoa com quem ela falava.
Hoje não foi diferente.
— Boa noite, princesa. – ele deu um beijo na bochecha dela, antes de a ajeitar em seu colo. — Como foi seu dia?
— Deve ter sido ótimo, dormiu a maior parte do tempo. – Caio se meteu, ou talvez tenha respondido pela irmã, Irene riu. — Ela só sabe fazer isso, comer e dormir.
— Ela é muito pequena ainda, quando ficar maiorzinha vocês podem brincar juntos. – Angelina tranquilizou e Irene assentiu em concordância.
Caio apenas estalou a língua e deu de ombros, Antônio estava em um mundo só dele e de Petra, e ninguém tinha coragem de interromper.
Quando Petra começou a ficar maiorzinha, Antônio tinha dois trabalhos: fazer ela falar e andar. Então, toda quarta-feira tirava um dia de folga para colocar isso em prática.
Irene estava sentada lendo alguma revista enquanto Antônio estava esparramado no chão tentando fazer Petra ficar firme e de pé, assim, quando finalmente deu certo, ele se afastou brevemente.
— Vem filha. – ele bateu palminhas e Petra sorriu, encarando o pai e depois a mãe que sorriu para ela também.
Petra impulsionou o corpinho, conseguindo andar em passinhos calculados até o pai, sendo recebida por gritos e palmas.
— Você andou princesa! – Antônio levantou a menina no colo, a agitando.
— Não acredito que filmei minha menininha andando. – ela se aproximou e deu um beijo na neném. — Parabéns meu amor.
Em outro momento, quando Petra tinha 4 anos, eles decidiram fazer um piquenique.
— Mamãe, mamãe! – Petra adentrou a casa eufórica, Antônio entrou logo atrás carregando a mochila decorada com abelhas. — Eu salvei uma borboleta!
— Não acredito que não vi minha cocadinha sendo uma heroína. – Irene ergueu a pequena de agora 4 anos no colo. — Você fez tudo sozinha ou seu pai te ajudou?
— Tudo sozinha, tá ficando esperta! – Antônio acariciou os cabelos da menina, que sorriu.
— Mamãe, a gente pode fazer um piquenique? – Petra agarrou os cabelos da mãe, brincando com eles.
— Claro! – Irene virou-se para Antônio. — Vem com a gente?
— Não precisava nem perguntar.
Se trocaram rapidamente em casa e foram para o parque, brincaram de absolutamente tudo. Começaram com Esconde-esconde e terminaram com Irene e Petra sendo rodopiadas no ar quando resolveram brincar de pega-pega, cansaram a pequena de todos os jeitos possíveis e quando foram lanchar, Petra praticamente dormia em cima da comida.
Foram em casa por volta das seis da tarde, Petra dormia no colo do pai e quando chegaram em casa, Irene ficou deitada com ela no sofá fazendo um carinho nos cabelos dela. A pequena dormia tão profundamente que nem as bonecas esparramadas por cima dela a acordou e muito menos seu pai derrubando a cesta no chão, Irene não sabia se aquilo era bom ou ruim, se acordasse, ficaria com a corda toda e demoraria anos para voltar a dormir.
Petra ainda não havia acordado e Irene já dormia sentada, foi Antônio quem pegou a filha e a colocou para dormir – sem coragem de a acordar para tomar banho e trocar de roupa. Apenas tirou o sapatinho e a cobriu, não demorou muito para a pequena se aninhar nas cobertas.
Quando o casal finalmente conseguiu pegar no sono, não levou uma hora para serem acordados. Petra ainda não entendia direito, mas sorriu ao ver os pais dormindo. Irene dormia feito um anjo enquanto Antônio abraçava e escondia seu rosto no vão do pescoço dela, a pequena sorriu e começou a pular na cama.
— Papai, papai, papai, papai! – repetia incansáveis vezes e a resposta dos dois foi um resmungo.
— Sua filha acordou. – Irene começou ainda de olhos fechados.
— Antes das seis da manhã, ela é sua filha. – Antônio rebateu, sem levantar o rosto.
— Papai, papai, papaaaaaai! – continuou e se fizesse um esforço maior, ouviria os pais resmungando.
Antônio pegou a menina de surpresa, fazendo ela soltar um gritinho e fez ela de avião, a garotinha gargalhava fazendo as covinhas fundas se revelarem.
— São três da manhã. – Irene se forçou a abrir o olho. — Para de agitar ela!
— Eu tô cansando ela, é diferente. – deitou a menina ao lado dele e começou uma sequência de cócegas.
Não demorou muito para Daniel abrir a porta com os olhos pesados.
— São três da manhã. – ele repetiu o que a mãe disse. — Será que meu querido pai pode parar de agitar minha irmãzinha para que assim eu possa ter um sono tranquilo?
— Meu querido filho, eu tô cansando sua irmã para que todos nós tenhamos um sono tranquilo sem uma pestinha acordando a gente!
— Ei! Eu não sou pestinha. – ela fez um bico contrariado. — Mamãe disse que eu tenho… quantos anos mesmo, mamãe?
— Quatro. – Irene riu.
— Isso aí! Eu já sou grande.
— Oh, perdoe-me pequena adolescente.
— A pequena adolescente vai tomar um banho e tomar um leite quente pra dormir. – ela afastou as cobertas e levou a filha até o banheiro.
Assim que Petra terminou o leite quente, Irene já percebeu que estava sonolenta. Ergueu a filha no colo e a levou pro quarto, sentiu saudade de quando ela dormia na cama com eles, e assim fez. Balançou ela um pouquinho até que ela adormecesse e quando sentiu a respiração funda, deitou-se com a menina e Antônio as cobriu.
Irene não deixou de ficar emocionada ao notar o quão perfeita a filha era, desenhou o rosto dela cuidadosamente. Mas devido ao cansado, não demorou muito para adormecer também.
Observar as duas – os quatro, quando Caio e Daniel estavam presentes – sempre seria o passatempo favorito de Antônio. Sempre
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Nunca pensou em ver Petra saindo de casa, muito menos imaginou ter a filha tão longe dela. Ele nunca pensou que Petra fosse virar uma foto na gaveta.